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Governo dos EUA quer quebrar monopólio: Google pode ser forçado a se dividir

A gigante do Vale do Silício argumenta que o governo federal foi muito além do alcance do processo ao recomendar uma separação do Chrome.

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 Começaram nesta segunda-feira as audiências que vão determinar se o Google, já considerado culpado de abusar de sua posição dominante no mercado de buscas na internet, deve se separar de seu navegador Chrome.

O Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês) – orgão do governo americano que processou o Google – apresentou seus argumentos em uma audiência perante o juiz federal Amit Mehta, que avalia “soluções” após julgar, no ano passado, que o Google mantém um monopólio ilegal nas buscas on-line.

– Está em jogo nada menos que o futuro da internet. Se o problema de conduta do Google não for resolvido, ele controlará grande parte da internet na próxima década, e não apenas as buscas, mas novas tecnologias como a inteligência artificial (IA) – declarou a procuradora-geral adjunta dos EUA para a divisão antitruste, Gail Slater, antes do início da audiência.

A gigante do Vale do Silício argumenta que o governo federal foi muito além do alcance do processo ao recomendar uma separação do Chrome.

– O DoJ optou por impulsionar uma agenda intervencionista radical que prejudicará os americanos e a liderança tecnológica mundial dos Estados Unidos – disse o presidente de assuntos globais do Google, Kent Walker, assinalando que o processo judicial se concentrou nos acordos do Google com parceiros como Apple e Samsung para distribuir suas ferramentas de busca.

Na audiência desta segunda-feira, o vice-presidente de plataformas e parcerias de dispositivos do Google, Peter Fitzgerald, admitiu que a Alphabet Inc (dona do Google) pagou à Samsung uma “enorme quantia em dinheiro” todos os meses para a empresa coreana pré-instalar o aplicativo de IA generativa do Google, Gemini, em cada um de seus celulares e dispositivos. Entre 2020 e 2023, o Google pagou US$ 8 bilhões para tornar o buscador Google, a Play Store e o Google Assistente os padrões nos dispositivos móveis da Samsung. A prática de pagar por instalações já foi considerada ilegal duas vezes.

O próprio juiz Mehta já tinha concluído no ano passado que a prática do Google de pagar à Samsung para ser o mecanismo de busca padrão em seus dispositivos viola a lei antitruste.

O caso do DoJ contra o Google sobre domínio nas buscas foi apresentado em 2020. O juiz Mehta emitiu sua decisão desfavorável ao Google em agosto de 2024. A big tech volta aos tribunais poucos dias depois que outro juiz julgou que ela monopoliza o mercado da publicidade na internet. A receita bilionária da publicidade on-line do Goggle custeia serviços bastante utilizados, como Maps, Gmail e as buscas. O dinheiro arrecadado também permite à companhia gastar bilhões de dólares em IA.