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Um golaço e um Leão 100% que ainda não passa confiança

Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Um golaço em destaque

O gol marcado pelo atacante Bruno Alves, do PSC, contra o Tapajós na terça-feira à noite, é até agora um dos poucos destaques de um campeonato extremamente econômico em bons momentos até agora. A jogada foi executada de forma simples, mas contundente. Aos 33 minutos do 1º tempo, depois de dominar a bola no bico da grande área, ele ajeitou para o pé direito e soltou a bomba, no ângulo esquerdo, indefensável.

Sem ação, o goleiro Paulo Rafael mal teve tempo de esboçar um gesto de desalento. A bola morreu no endereço certo, o fundo das redes, para delírio da torcida alviceleste no estádio da Curuzu. O ex-azulino ainda não havia marcado com a camisa do Papão. O primeiro gol veio de maneira magistral, em lance de extrema dificuldade.

Quase sempre a pegada forte, de fora da área, toma outro rumo. Em mais de 90% das vezes, sai longe do alvo. A leveza das bolas modernas contribui para essa perda de direção, normalmente saudada com vaias e muchochos da torcida. Bruno Alves, porém, tem histórico positivo nesse tipo de lance.

Na Série C do ano passado, ele também mandou um foguete no jogo do Remo contra o Floresta, no Baenão. A diferença é que aquele foi um gol de bola parada, na cobrança de uma falta. A bola resvalou ligeiramente na barreira e entrou na forquilha.

Desta vez, o risco de errar era bem maior, pois foi uma jogada em movimento e sob marcação próxima. Recebeu um passe curto de Naylhor na intermediária, avançou um pouco e disparou, surpreendendo até os companheiros, que esperavam o cruzamento na área.

Alguns jogadores ganham a simpatia do torcedor pela ousadia e a capacidade de decidir jogos. Bruno Alves, que havia disputado a Série B do ano passado pela Ponte Preta, sempre como opção de segundo tempo, aceitou voltar ao futebol paraense e optou pelo PSC, após também ter sido sondado pelos azulinos.

Não se sabe o que o Campeonato Paraense ainda reserva em termos de satisfação para as torcidas. Depois de ter o início adiado por duas semanas, voltou de um jeito morno e sem empolgar. Gols como o de terça-feira são capazes de levantar o astral e inspirar os jogadores a buscarem a superação.

Por tudo isso, Bruno Alves merece todos os elogios que recebeu logo depois do jogo, celebrado como autor do gol mais bonito da noite e o mais espetacular da competição até o momento.

Mesmo com campanha 100%, Leão gera desconfianças

Invicto no campeonato, o Remo tem campanha 100% e um desempenho que ainda gera desconfiança na torcida. Os jogos fora de casa, contra São Francisco e Águia, expuseram em todas as cores a dificuldade no processo de criação, momentos de fragilidade da defesa e a ausência de ações pelos lados. Apesar disso, o time tem vencido seus jogos, superando até situações bastante adversas, como ocorreu na quarta-feira, em Marabá.

O fato é que alguns críticos cobram mais qualidade de um time que começou a treinar há dois meses e até agora ainda tem buracos no setor de marcação e distância excessiva entre meio e ataque. Ao mesmo tempo, é preciso entender que os campeonatos estaduais funcionam cada vez mais como extensão da etapa de pré-temporada.

Mais do que o título em jogo e da força da rivalidade, a competição regional é um importante campo de experiências para os torneios mais importantes e tecnicamente seletivos, como o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. O Remo de Marcelo Cabo é, claramente, um projeto em construção, sujeito a falhas e exigindo ajustes.

Os principais problemas se localizam no meio-de-campo, onde a segurança de Anderson Uchoa e a mobilidade de Pablo Roberto tem ajudado a segurar as pontas quando a falta de compactação expõe excessivamente o time. Diante do Águia, Pablo foi peça importantíssima, desdobrando-se na marcação e nas investidas ofensivas.

Cobrou uma falta que quase resultou em gol e foi o responsável pelos melhores passes em direção aos atacantes. Uchoa e Richard Franco têm postura mais conservadora, cuidando da marcação e distribuindo jogo. Se tivessem mais ajuda, que Soares não tem dado, o trio provavelmente renderia bem mais.

Para Marcelo Cabo, a primeira fase do Parazão é uma excelente oportunidade para dar consistência à equipe, repetindo a mesma escalação e priorizando alguns jogadores nas mudanças ao longo dos jogos. As ausências de Leonan e Jean Silva impedem que se tenha uma visão mais ampla e precisa do potencial do time.

Ideia de reduzir acessos e rebaixamentos afeta emergentes

Clubes das principais divisões nacionais começam um movimento no sentido de reduzir o número de times rebaixados tanto na Série A quanto na Série B do Campeonato Brasileiro. A alegação, quase tola, é de que as grandes ligas internacionais costumam ter apenas três rebaixados.

Obviamente, a iniciativa coincide com as notícias de que grupos norte-americanos pretendem comprar os direitos das duas divisões, que seriam geridas por uma liga, nos moldes da Inglaterra e da Espanha. O dinheiro é abundante e tentador.

Os clubes tentam evitar o risco de cair e ficar fora do banquete. Os investidores temem que grandes equipes saiam do palco por força de uma campanha ruim, como ocorre frequentemente no Brasil.

Não é absurdo pensar que a circunstância rara de ter uma Série A com todos os grandes reunidos esteja a turbinar a ideia de diminuir rebaixamentos e acessos, a fim de blindar os clubes mais poderosos.

Tratados como penetras no banquete, os clubes das Séries C e D protestam, sem força política para deter mudanças de vulto. Por enquanto, a CBF resiste e se posiciona contra a mudança no regulamento das competições.

Remo e PSC que se acautelem. Com apenas três vagas de acesso, o funil ficará muito mais apertado, gerando o risco da permanência eterna na Terceira Divisão.