Notícias

Gerson Nogueira analisa o Re-Pa: 'Como nos velhos bons tempos'

Foto: Agência Pará
Foto: Agência Pará

Como nos velhos bons tempos

Não conheço torcedor que não seja nostálgico, refém das memórias especiais que o futebol proporciona, enfeixando triunfos e conquistas que se misturam com a trajetória de vida de cada um. Por isso, existem os clássicos, aqueles jogos que por mil razões rompem a barreira do convencional. Assim se insere o Re-Pa no imaginário do torcedor paraense.

Passa longe do conceito de um jogo comum. É mais que isso. É um acontecimento que extrapola as dimensões do campo e do próprio estádio. Invade as ruas e as casas, une e divide famílias, aproxima e distancia pessoas. Não é só futebol.

O clássico deste domingo guarda algumas semelhanças gostosas com os românticos anos 60, quando o dérbi era transmitido pelas ondas do rádio, sem televisão mostrando ao vivo. Os privilegiados que iam ao estádio testemunharam acontecimentos históricos – como o Papão batendo o poderoso Peñarol ou as diabruras de Amoroso com a camisa do Leão.

Depois de muito tempo, teremos – pelo menos até sexta-feira era o que se informava – um Re-Pa sem exibição na TV. A alternativa para quem não estiver no Mangueirão é ouvir a Rádio Clube do Pará e/ou acompanhar pelos canais do YouTube, plataforma que vai avançando e conquistando espaço nas transmissões esportivas.

Diante da grandeza que o Re-Pa carrega, nada é mais importante que o reencontro do clássico com a torcida no maior palco de futebol do Estado. A reinauguração oficial do estádio Jornalista Edgar Proença será no dia 9 de abril, mas os dois embates pela Copa Verde servem como eventos-teste, espécie de degustação para as massas.

É inegável a relevância da Copa Verde, principalmente por proporcionar ao campeão a classificação direta à 3ª fase da Copa do Brasil, mas o torcedor vai hoje ao novo Mangueirão para extravasar a saudade acumulada em todo esse tempo de espera pelo choque-rei. Evento único, o clássico tem o poder de paralisar o Estado durante 90 minutos.

Desde 2021 não havia um Re-Pa no estádio Jornalista Edgar Proença. Quis o destino que, de uma só tacada, a torcida tenha a oportunidade de três clássicos enfileirados nas próximas duas semanas. Que toda essa expectativa seja plenamente recompensada com grandes jogos, plenos de emoção e grandes jogadas.

Ações de meio-campo podem decidir o clássico

É indiscutível que a fase remista é melhor que a do rival. Os comandados de Marcelo Cabo acumulam 11 vitórias em 12 jogos, envolvendo três competições diferentes. Do lado alviceleste, a campanha instável no Parazão vem acompanhada de jogos pouco convincentes na Copa Verde.

A atuação trôpega de quinta-feira diante do Princesa do Solimões expôs as limitações da equipe dirigida por Márcio Fernandes. Os 45 minutos iniciais foram angustiantes. O PSC se apequenou, como se fosse visitante em sua própria casa.

O triunfo na série de penalidades fez a torcida explodir de felicidade, mas não escondeu os maus pedaços vividos ao longo dos 90 minutos. Tudo isso pode fazer o observador desavisado imaginar um favoritismo do Remo nas semifinais do torneio inter-regional. Nada mais enganoso.

Um clássico centenário como o Re-Pa não costuma abrir brechas para vantagens circunstanciais. Podem existir diferenças e até um certo desnível técnico, mas tudo acaba por se nivelar num jogo que frequentemente é decidido em detalhes, alguns até por acidente, e é disputado sempre no limite máximo de garra e entrega.

Caso fosse dar uma pista sobre os caminhos que podem decidir a parada, neste domingo, apostaria no funcionamento do meio-campo. As rédeas da partida passam pelo desempenho dos dois criativos em ação. Pablo Roberto e Ricardinho. Juventude versus experiência.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h30, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião. Em pauta, o primeiro Re-Pa do ano, válido pelas semifinais da Copa Verde, e a oitava rodada do Parazão. A edição é de Lourdes Cezar.

Vice-campeã esbanja classe no primeiro jogo pós-Copa

Mbappé (2), Griezmann e Upamecano marcaram os gols da França contra a Holanda, sexta-feira, pela rodada de abertura do Grupo B das eliminatórias da Eurocopa 2024. A vitória foi construída brilhantemente no primeiro tempo, com grande performance de Kylian Mbappé, promovido a capitão com a aposentadoria de Lloris. Um jogo bonito de ver.

Confirmei a impressão que tive na Copa do Qatar, quando os franceses chegaram à final e só não levaram a taça porque do outro lado havia uma brutal torcida em torno de Lionel Messi, o que tornou impossível outro resultado que não fosse o título para os argentinos.

Naquela noite, em Lusail, foi possível perceber que o time destinado a sobreviver em alto nível por mais duas Copas é o francês. A seleção azul tem hoje a maior quantidade de craques à disposição. Alguns estavam em campo contra a Holanda e não negaram fogo.

Além de Mbappé, um fora-de-série, outros jogadores excepcionais integram a seleção de Didier Deschamps. A safra é tão boa que nem a aposentadoria precoce de Varane, Lloris, Frey, Blaise Matuidi e Benzema, que se despediu um dia depois da Copa, abala o poderio do escrete.