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Gerson Nogueira analisa eliminação azulina: 'Despedida valente e digna'

Foto: Samara Miranda/Remo
Foto: Samara Miranda/Remo

Despedida valente e digna

Foi parecido com a Copa do Brasil 2022, quando o time deixou escapar a vaga nas penalidades diante do Cruzeiro. Ontem à noite, na NeoQuímica Arena lotada, não faltou luta e intensidade aos azulinos. Talvez tenha havido um erro aqui, uma indecisão ali, mas o resultado estava dentro das previsões para um cruzamento contra um gigante do futebol brasileiro.

Pode-se até questionar algumas escolhas do técnico Marcelo Cabo e a estratégia de se manter atrás, chamando o Corinthians e suas bolas aéreas durante todo o segundo tempo. Em dois lances, com Jean Silva, que deveria ter entrado bem mais cedo, quase o gol aconteceu.

A verdade é que, observando os 90 minutos, o Corinthians foi dominante nos primeiros 15 minutos, quando fez o gol em falha dupla de marcação – Pedro Vítor e Leonan – e mandou uma bola na trave. Depois disso, o jogo entrou no campo da normalidade. O dono da casa avançava e pressionava o tempo todo, mas sem qualquer inspiração.

Nesse período, ficou mais ou menos claro que o Remo tinha boas possibilidades de se classificar. Bastava controlar melhor as saídas para o ataque e apertar mais a marcação à entrada da área e nas laterais. Isso foi feito quase com perfeição no restante da etapa inicial.

Os zagueiros Ícaro e Diego Guerra levavam a melhor nos lances aéreos e Lucas Mendes controlava bem as investidas de Yuri Alberto e Roger Guedes pelo corredor direito. Nessa missão, ele tinha o auxílio de Richard Franco, que custou a entrar no clima do jogo, mas ajudou bastante a manter o Remo vivo nas raras tentativas de ataque.

Os problemas azulinos se concentravam na dispersão existente no meio-campo, onde Uchoa, Matheus Galdezani e o próprio Richard ficavam muito distantes de Pablo Roberto. Com isso, abria-se um espaço por onde Giuliano e Adson trabalhavam com relativa tranquilidade.

Pablo, por sinal, nunca mais fez um bom jogo depois daquela noite brilhante no Mangueirão diante do mesmo Corinthians. Esteve em lugares do campo onde sua presença não era tão necessária. Quando era acionado, insistia nos dribles e travava boas possibilidades de contra-ataque.

O mais lúcido do meio para a frente foi Muriqui, antenado e buscando acionar companheiros bem posicionados. Fez uma belíssima jogada na metade do primeiro tempo, driblando um marcador e lançando Pedro Vítor na esquerda. Ao invés de tocar de volta para Muriqui, entrando no meio da zaga, o ponta resolveu finalizar e mandou sobre a trave de Cássio.

Na segunda etapa, Marcelo Cabo lançou Jean Silva e tirou o nulo Pedro Vítor, dando mais dinamismo e qualidade ao setor ofensivo. Trocou Galdezani por Claudinei, que nem foi notado em campo. O jogo ofereceu ao Remo chances para explorar o contra-ataque, mas o melhor velocista do time ficou em Belém: Ronald foi barrado, outra vez.

Na reta final, entraram Paulinho Curuá, Diego Ivo e Diego Tavares, para reforçar o bloqueio. Quase deu certo. O gol do Corinthians saiu nos acréscimos, já na base do bumba-meu-boi. Nos penais, Leonan perdeu a cobrança, o que decidiu a série em favor dos donos da casa.

 

Fortaleza supera Águia marcando 8 a 1 no agregado

Não foi o massacre que se temia, mas o Fortaleza teve novamente amplo domínio diante do Águia. O confronto, ontem à noite, no Mangueirão, era quase um amistoso, mas nem isso fez a equipe de Vojvoda se acomodar. Buscou o gol, atacou muito e obrigou o goleiro Axel Lopes a aparecer outra vez em destaque.

No fim das contas, 2 a 0 foi um placar justo, construído ainda no primeiro tempo. A destacar o esforço do Águia em se despedir sem sofrer nova humilhação. Lutou bastante, mas em alguns momentos parecia já estar com a cabeça na semifinal do Parazão, sábado, contra o PSC.

 

CBF nadando na riqueza, clubes de pires na mão

Os donos do futebol brasileiro continuam por cima da carne seca. Situação diametralmente oposta à dos clubes, que, na grande maioria, vivem de pires na mão. Na apresentação solene do Relatório de Gestão da CBF, referente a 2022, o presidente Ednaldo Rodrigues teceu loas ao resultado financeiro.

De fato, o balanço aponta um recorde histórico. A CBF vive situação nababesca: conseguiu bater marcas recentes e o faturamento chegou à casa de R$ 1,2 bilhão, mais de R$ 200 milhões acima dos números de 2021.

O superávit da entidade foi de R$ 143 milhões, mais do que o dobro do que foi arrecadado um ano antes – R$ 68,9 milhões. Para Ednaldo, isso comprova uma gestão profissionalizada, que conquistou a confiança do mercado. Pode ser.

O volume de dinheiro obtido com patrocínio chegou a R$ 567 milhões. Outros dois pilares de receita foram especialmente fortes em 2022: direitos de transmissão e comerciais, cujo total superou R$ 350 milhões; e a grana gerada pelas seleções, com receita superior a R$ 100 milhões.

Segundo as palavras do presidente, a CBF redobrou o investimento no futebol, gastando R$ 700 milhões principalmente com as seleções.

O problema é que a entidade segue extremamente sovina com os clubes, que constituem a base e razão maior de sua existência. As Séries A e B têm menos a reclamar do que os clubes que estão nas Séries C e D, que sofrem bastante e observam a ampliação drástica do fosso financeiro em relação às outras divisões.