CARTOLA ERRA, TORCEDOR PAGA

Futebol sem freio: quem paga a conta da irresponsabilidade?

Caso Keffel expõe mais uma vez como decisões erradas de dirigentes penalizam torcedores e travam clubes.

Caso Keffel expõe mais uma vez como decisões erradas de dirigentes penalizam torcedores e travam clubes.
Caso Keffel expõe mais uma vez como decisões erradas de dirigentes penalizam torcedores e travam clubes. Crédito: Márcio Melo / Ascom Paysandu

O futebol é um universo à parte. Isso vale para o que acontece nas arquibancadas, no gramado e nos bastidores. Tudo o que é proibido ou condenável no mundo real ganha um salvo-conduto generoso se a artimanha tiver alguma ligação com o mundo da bola. Não à toa, a Fifa pune qualquer clube que ouse entrar na Justiça comum para deliberar sobre uma decisão. Tudo começa — e deve morrer — ali, na sombria esfera esportiva.

O mundo da bola se modernizou, é verdade. Mas certos vícios seguem firmes. Um deles — o principal, talvez — é a ausência de um código de conduta que responsabilize dirigentes que colocam as finanças dos clubes em risco. Algo como uma Lei de Responsabilidade Fiscal do Futebol. Prestação de contas obrigatória e formas de reparar lambanças ou decisões tomadas de forma leviana. Só assim se reduziria o número de barbeiragens, como o recente caso Keffel, no Paysandu.

Na ocasião, a diretoria da época imaginou ter encontrado uma mina de ouro. Compraram metade dos direitos econômicos do jogador, apresentado como o novo Roberto Carlos da lateral-esquerda. Keffel jogou apenas um tempo — o suficiente para deixar claro que não colocaria sequer uma das meias do ex-jogador do Real Madrid e da seleção brasileira. Resultado: o clube não pagou o valor acordado ao Portimonense, de Portugal. O calote custou caro. O Papão foi denunciado à Fifa e agora está impedido de realizar contratações até quitar o débito — de algumas centenas de milhares de reais. E ainda fazem vaquinha com a torcida.

Quer dizer: alguém tem a brilhante ideia de gastar o que não tem numa aposta de alto risco — e quem paga o pato é o torcedor?

O clube tem um Conselho Fiscal e conselheiros que deveriam cobrar explicações sobre esse caso. Mas isso não vai acontecer. Cobrar pode significar retaliações futuras ou a perda de algum privilégio. E assim, segue o baile.

Não será o último caso. Veremos outros se repetirem com Paysandu, Remo e tantos clubes país afora — tudo sob a sombra de uma cortina quase eterna da impunidade.

Voltamos a qualquer momento…

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.