Ex-franqueados da rede de brechós infantis “Cresci e Perdi” denunciam práticas de humilhação, exposição pública, comparações vexatórias e até ameaças por parte da direção da empresa. Os relatos apontam que a fundadora e ex-CEO Elaine Alves e seu sucessor, Saulo Alves, usavam canais internos da marca para ridicularizar franqueados e exercer controle autoritário.
Segundo os ex-associados, os abusos incluíam criação de um perfil interno chamado “Mural da Feiura”, em que lojas consideradas mal administradas eram criticadas e identificadas publicamente, com indicação de sua localização geográfica; uso de grupos de WhatsApp corporativos para comparar faturamentos entre franquias e ridicularizar lojistas com baixo desempenho; atribuição de apelidos pejorativos — como chamar uma franqueada de “bomboniere” (vendedora de doces) — como forma de constrangimento público quando a loja descumpria regras contratuais; ameaças de bloqueio de perfis ou remoção de conteúdos nas redes sociais das lojas, além de intimidação com mensagens dizendo que franqueados “podiam acordar sem redes sociais”.
Diálogo era considerado deslealdade
Os ex-franqueados relatam que qualquer iniciativa de diálogo com a direção era interpretada como “deslealdade”, gerando mais conflito e isolamento. Alguns contaram sofreram ansiedade, perda de peso e buscaram tratamento psicológico depois de suportar constrangimentos constantes.
Para ingressar no sistema da Cresci e Perdi, o investimento inicial variava entre R$ 275 mil e R$ 495 mil, conforme o tamanho da unidade e o município.
Em sua defesa a empresa informou que sua estrutura de comunicação com franqueados foi reformulada: antigos canais foram descontinuados, e agora o suporte segue um modelo padronizado, sem contato direto entre lojistas e direção. Divergências contratuais, segundo a marca, serão resolvidas judicialmente. A Cresci e Perdi também acusa ex-franqueados de difamação, alegando que alguns criaram operação concorrente.
Impacto e Repercussão
Atualmente, a Cresci e Perdi declara manter 566 franquias em operação e outras 94 em fase inicial pelo país. A empresa também inaugurou sua primeira loja internacional, em Assunção (Paraguai).