
O que torna determinado filme um sucesso de bilheteria? E quais os motivos que levam ao fracasso comercial de determinada obra, principalmente aquelas que são apostas dos grandes estúdios? Nas últimas semanas, uma nova polêmica se acendeu devido à péssima aceitação e, por consequência, também a arrecadação de “Branca de Neve” (2025).
Pelo menos uma culpada foi declarada: Rachel Zegler, a protagonista da nova adaptação. Zegler já havia despertado a fúria da turma do ódio na internet por não ser tão branca (?) e também pela sua descendência colombiana. Para piorar, a atriz andou dando declarações falando sobre como a versão antiga é desatualizada e que sua mocinha não seria “salva por um príncipe”. O bastante para que todos a culpassem pela péssima recepção do longa.
Mas será que é só isso mesmo? Não estaria, ainda, o público cansado das mesmas repetições e refilmagens? Será que as pessoas não estariam deixando de ir aos cinemas pela falta de ideias novas ou maior incentivo à criatividade artística? No caso de “Branca de Neve”, não seria pelas péssimas atuações, design pouco inventivo e efeitos especiais ruins, que transformaram os carismáticos anões do original em criaturas estranhas, que desafiam o vale da estranheza?
É um filme ruim, enfim, com aparência de mal-acabado e sem a pretensão de ser algo realmente inovador, apenas com o objetivo de pegar a bilheteria dos saudosistas e curiosos. E temos vários exemplos de bons produtos que souberam se vender e agradar as plateias recentes com histórias bem fantasiosas, como “Wicked” e “Duna”, além das animações “Robô Selvagem” e “Flow”.
Querer achar um culpado para uma série de decisões erradas me parece mais um ato burocrático e covarde de quem acha que vai conseguir vender produtos reciclados ao infinito e que isso não se desgastará. Aí está a Marvel, que padece para conseguir recuperar bilheterias por não conseguir se livrar das amarras conservadoras do seu próprio público. Coincidentemente (ou não?), outro produto da Disney, “Star Wars”, também sofre da mesma comparação, se fechando cada vez mais em nicho (movido por preconceito e ódio disfarçado de fanatismo) e se afastando do público geral.
Não é que não precisemos mais de contos de fadas. Toda obra fictícia é assim, grosso modo. Mas o que precisamos mesmo é de filmes feitos com aquela paixão coletiva entre todos os envolvidos, que parece meio soterrada em meio às acusações falsas como “cultura woke” e decisões executivas ruins baseadas em comentários do Instagram e fóruns incels. Quem pretende agradar alguns, no fim das contas, não agrada ninguém.