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Entenda como funciona a 'Química das Emoções' e sorria bastante!

Conselho disponibiliza a cartilha “A Química das Emoções”. Confira as possibilidades geradas pelos hormônios endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
Conselho disponibiliza a cartilha “A Química das Emoções”. Confira as possibilidades geradas pelos hormônios endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Ana Laura Costa

Ao longo da vida, é normal estabelecermos metas para alcançar a felicidade. É algo tão subjetivo que pode estar atrelado à carreira profissional, justiça social, casamento e até bens materiais.

Porém, a felicidade não demanda tanto tempo de espera para que, finalmente, possamos senti-la. Na verdade, nossos hábitos e escolhas diárias contribuem para esse sentimento que vai além de ‘ter ou ser’. Hábitos como entrar em contato com a natureza, meditar e ser positivo, assim como sorrir, são exponenciais para se obter a felicidade.

Neste mês, o Conselho Federal de Química (CFQ) disponibilizou a cartilha “A Química das Emoções”. Nela, a entidade destaca a importância de o ser humano manter o bem-estar em dia e lembra que a felicidade é um processo químico que começa no cérebro.

E são várias as possibilidades de prazer geradas sobretudo pelos hormônios mais conhecidos como o quarteto da felicidade: endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina. Estes hormônios estão sempre ativos em nosso corpo, cabe a nós estimulá-los.

A serotonina, por exemplo, é o neurotransmissor responsável por promover sensação de prazer e bem-estar, e o positivismo é uma ferramenta fundamental quando se trata de aumentar os níveis de serotonina no corpo.

O artista de rua Addan Michel, 19, sabe bem como o positivismo o ajuda a se manter feliz e firme na missão. Conhecido artisticamente por Addan ‘Mytcho’, ele é um dos tantos MC’s que improvisam rimas nos transportes públicos da capital e, além de arrecadar qualquer valor para pagar as contas, Mytcho consegue gerar sorrisos nos rostos cansados dos passageiros que voltam para a casa após um dia de trabalho.

Com muito talento e improvisação, as rimas são baseadas nas características e comportamentos dos passageiros, o que lhe demanda muita simpatia e positividade. “Todos nós temos problemas pessoais. Mas, quando eu saio para fazer o meu trabalho, tenho que esquecer essas coisas e me manter positivo. Eu acredito nisso para me manter bem”, ressalta o MC.

SORRISO

Acompanhado de uma caixinha de som, desde 2019 Mytcho sobe e desce dos ônibus lotados e encara a realidade caótica com pessoas cansadas, indispostas e, muitas das vezes, mal-humoradas.

E, mesmo que ele não consiga arrecadar nenhum valor após mandar seu ‘freestyle’, o artista não murmura e mantém o sorriso largo estampado no rosto, sua marca registrada.

Entenda como liberar os hormônios da felicidade. Mytcho, artista de rua, sabe os benefícios de viver com sorriso no rosto. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

“Mesmo que eu não consiga arrecadar um real ao final da improvisação, só de fazer as pessoas rirem, gostarem do meu trabalho, já vale tudo. No final das contas, é isso que me dá o gás para continuar com o meu sonho, sei que nada disso é em vão. E o segredo para estar feliz, mesmo com todos os problemas, é pensar positivo, eu não gosto de murmurar porque, para mim, isso é atrair energia caótica e eu não quero essa energia. Para equilibrar as energias, também procuro ir à igreja aos domingos e faço uma oração todos os dias antes de sair. Mas ser positivo é o que me mantém feliz”.

Trabalhar com o público, não é fácil. O sorriso, a simpatia, realmente são as armas do negócio, mas mantê-las nem sempre é possível, visto que todos nós temos dias difíceis.

Diariamente, as vendas de ervas medicinais, banhos e perfumes no setor das erveiras no Mercado do Ver-o-Peso movimentam a circulação de pessoas. E para atrair a clientela, a simpatia é o ingrediente que não pode faltar. E o que fazer para driblar os momentos ruins e estimular o quarteto da felicidade?

Para levantar o astral em dias difíceis e cansativos, a erveira Edna Dias, 62, revela que o segredo fica a apenas uma hora e meia da capital, na Ilha do Mosqueiro.

Para liberar a endorfina, neurotransmissor da felicidade, do prazer e do bem-estar, entrar em contato com a natureza é um hábito estimulante do hormônio, e a ‘pílula da felicidade’, de Edna.

“Aqui, não importa o dia que você estiver vivendo, não importa os problemas que você tem em casa, tem que estar sorrindo. Então, seja qual for o problema, eu deixo atrás da porta”.

E quando deixar ‘atrás da porta não funciona’, deixar a maré levar é a melhor opção. “Datas festivas, como ano novo e Natal, são dias que mais movimentam as vendas, aí não posso me ausentar, não é? Então, quando estou muito cansada, desgastada, vou com o meu filho para Mosqueiro, é onde recarrego as energias. Morei durante 6 anos na ilha, gosto muito de Mosqueiro! Quando volto para Belém, me sinto leve, feliz, recarregada. O contato com o rio, com a natureza me deixam realmente muito feliz, tranquila.

Dona de uma gargalhada inconfundível, Francinete Soares, 56, que trabalha há pelos menos 36 anos com as vendas de hortifruti no Ver-o-Peso, comenta que quando bate aquela tristeza por conta das situações do dia a dia, o sorriso não pode faltar.

Para ela, o sorriso é uma arma poderosa, é tudo o que ela tem e nunca deixou de mostrá-lo por conta das dificuldades. E a feirante não está errada.

Segundo a cartilha do CFQ, sorrir colabora para a liberação de endorfina e de serotonina. Esse neurotransmissor da felicidade e do bom humor aliviam o estresse e a tensão, além de promover o efeito anti envelhecimento e aumentar a disposição física e mental.

“Tem dias que a gente está mais mofina, impossível estar feliz o tempo todo, mas a gente vai deixar isso nos abater e espantar os clientes? Com certeza não. Nossas vendas dependem da nossa simpatia, do nosso bom humor, dos nossos sorrisos, tem que ter jogo de cintura”, afirma.

Mas manter sempre o sorriso no rosto é apenas um dos hábitos que faz com que Francinete experimente doses de felicidade. A feirante revela que tirar um tempo para si e para a família também é importante.

“A gente tem que tirar um tempo para a gente também, não é só trabalhar e trabalhar porque também não tem como. Tem que ter um momento de lazer, de relaxamento com o maridão, senão também ele arruma outra, aí é outro problema, não é?”, finaliza, entre risos.