Notícias

Edgar Augusto: Meu presente de natal inesquecível

Montagem com a foto da capa do disco "Help!", de 1965 FOTO: REPRODUÇÃO PINTEREST
Montagem com a foto da capa do disco "Help!", de 1965 FOTO: REPRODUÇÃO PINTEREST

TEXTO: EDGAR AUGUSTO

O “progresso” que já matara o LP e a fita cassete conseguiu também banir o CD. É notório que a produção na área foi diminuindo de forma drástica até chegar ao fim. Todo mundo viu, sentiu. Primeiro o CD foi açoitado pelos mesmos pirateiros que já tinham conseguido sepultar a fita cassete. Depois veio a Internet com a possibilidade de “baixar” as músicas para computadores ou pen drives. E, para completar, a indústria deixou de fabricar os aparelhos de CD player, substituídos pelos de DVD. Estes, no caso, passaram a ter dupla função. Sim, o chamado CD “físico” rumou aceleradamente para o final de sua vida. Nem os carros novos hoje dispõem de reprodutores para ele. Só para o modernoso pen drive.

Resultado: as lojas, pouco a pouco, deram um sumiço naqueles seus estoques das prateleiras. A Americanas, que só vendia coletâneas de pagode, pop-brega ou evangélico, parou com discos. Já a Fox Vídeo liquidou aquele seu antigo estoque refinado. Quanto a Saraiva, que parecia uma espécie de redentora do espaço, optou por outros caminhos. Só resta a loja Ná Figueredo da Gentil vendendo CDs de música paraense. Mas, até quando ela suportará?

“Talvez esta minha frustração seja típica de um cara de 71 anos que insiste em manter aceso o encanto dos discos apreciados desde a arte de capa até o conteúdo.”

Talvez esta minha frustração seja típica de um cara de 71 anos que insiste em manter aceso o encanto dos discos apreciados desde a arte de capa até o conteúdo. Não vou aqui dar uma de antenado com a modernidade e dizer o quanto é fantástico ouvir música pelo celular. Na verdade, acho isso uma chatice… Ninguém se liga numa obra poética e melódica desse jeito, com som metálico. Não há a mínima sensibilidade.

Neste tempo natalino, a veloz despedida dos outrora imponentes discos, nas lojas, me causa profunda tristeza e nostalgia braba. Afinal, era bom passear por elas, saber das novidades e conversar com aqueles que também as apreciavam.

Lembrei-me agora de 1965, tempo em que eu ainda era estudante do Colégio Nazaré e havia passado de ano. O Natal vinha chegando, corri ao banco onde papai trabalhava, para mostrar-lhe o boletim. Orgulhoso, ele indagou que presente antecipado eu queria, uma calça, um sapato, uma camisa? Respondi ser o disco “Help”, dos Beatles, que acabara de sair. Dr. Edyr deu uma profunda fungada, entre surpreso e inconformado: “mas, rapaz, isto lá é presente? Um disco de cabeludos desafinados?” Argumentei, secamente, que sim. Papai deu de ombros, abriu a carteira, puxou vinte cruzeiros e lá fui eu, felicíssimo, até a Radiolux para adquirir o ansiado LP.

“Help” foi tão importante e prazeroso para mim que, até hoje, faixa por faixa, povoa minha mente toda vez que dezembro chega. Foi meu presente de Natal inesquecível. Continua sendo, aliás. Ele me traz a sensação de que o tempo não passou. De repente, passo a ter de volta a ilusão da adolescência, sentado em frente ao velho toca-discos. Não é gostoso? Não foi mesmo um presente inesquecível?

COMENTÁRIO

O fio da vida de Carol Andrade

Palavra que não conhecíamos a cantora-compositora paulistana Carol Andrade. Tanto que nos surpreendemos ao saber que o excelente “Fio da Vida” já se constitui em seu quinto álbum. Disco bacana. Produzida pelo letrista e violonista Alex Maia, Carol filosofou em “Dilema”, falou em libertação na faixa “Num Canto Meu”, foi progressista em “Herança de Caminhar” e revolucionária em “Querer é Poder”. Ficamos gratamente satisfeitos com as harmonias criadas por Fábio Marrone (bateria), Rafa Clarim (sax e flauta) e Rodrigo de Oliveira (contrabaixo). Muito boas. E identificamos também uma espécie de seguimento da linha agradavelmente vocal criada pela goiana Ceumar (recordam dela?, veio este ano a Belém, exibindo-se no Sesc Ver-o-Peso). “Fio da Vida” foi um lançamento diferenciado. A gente gosta dele da primeira até a última faixa.

SHORTS

MUITA HONRA

Em nosso último programa “Feira do Som” ao vivo, quarta-feira da semana passada, desfrutamos de uma grandíssima honra: a da participação especial do Governador do Estado, Helder Barbalho. Fez uma saudação especial ao programa, brincando até com os nossos bordões. Ficamos radiantes.

THE LAST

No assunto: decisão de última hora relativa ao horário do derradeiro “Feira do Som Especial 50 Anos” – gravado segunda-feira última, cheio de convidados. O mesmo será levado ao ar dia 23, amanhã, sexta-feira, ao meio-dia, simultaneamente pela rádio e TV Cultura. Direção de Tim Penner (TV), Beto Fares e Regina Silva (rádio).

Gravação do último programa “Feira do Som”, da Rádio Cultura, que vai ao ar nesta sexta, 23. FOTO: CAMILA LIMA/DIVULGAÇÃO

DUPLA

Eles se exibiram na Feira acima citada e acabam de gravar um EP juntos em dupla: os roqueiros Elder Effe e Inesita, ela e seu baixolão afiado, ele com sua guitarra.

TROCA DE NOME

Depois de vários anos, o cantor Olivar Barreto resolveu diminuir seu nome artístico. Agora quer ser conhecido simplesmente como Olivar.

TRIPA

A mesma coisa ocorreu com o trio formado por Luiz Pardal, Paulinho Assumpção e Jacinto Kahwage. Era Andaluz, mas os meninos resolveram trocá-lo por Tripa. O consideraram mais paraense.

Quinta-feira, véspera da antevéspera do Natal… Divirtam-se!