TORCIDA REMISTA NO PÉ

É tempo de buscar soluções

Antônio Oliveira não tem tempo a perder na busca de soluções para o dilema criativo. Encontrar um meia habilidoso e articulador é o primeiro passo

É tempo de buscar soluções É tempo de buscar soluções É tempo de buscar soluções É tempo de buscar soluções
Foto: Samara Miranda/Ascom Remo
Foto: Samara Miranda/Ascom Remo

Não se afobe, não, que nada é pra já. É o que diz a letra sensacional de “Futuros Amantes”, obra-prima de Chico Buarque. Cabe como luva na situação vivida pelo Remo, que tem pontuação de G4 e faz excelente campanha na Série B, mas sofre com os maus modos da torcida, aborrecida com o empate em casa diante do Cuiabá.

A explosão de fúria de parte do Fenômeno Azul, sábado à noite, no Mangueirão, chamou atenção diante de tudo que o time já conseguiu neste Brasileiro. Com 24 pontos em 15 rodadas disputadas, o Remo está no mesmo patamar de equipes que tinham essa pontuação no ano passado e conseguiram o acesso à Série A.

É óbvio que são dados sem peso científico. Campeonatos nunca são iguais e é possível que a equipe não alcance o objetivo pretendido, mas os números conspiram a favor. Cabe observar ainda que a situação segue amplamente favorável ao Remo, que se posiciona entre os cinco melhores times da competição desde as primeiras rodadas.

O espanto de jogadores e comissão técnica com a revolta da torcida é compreensível. O time não teve uma grande atuação diante do Cuiabá, mas o desempenho foi satisfatório no 1º tempo, quando poderia ter chegado ao gol em três oportunidades. O problema é que o rendimento da segunda etapa, porém, ficou abaixo da produção habitual do Remo.

Durante o 2º tempo, pela primeira vez desde o empate com o Volta Redonda, o Leão não conseguiu transformar posse de bola e domínio territorial em situações de gol. O goleiro do Cuiabá, que foi decisivo na primeira parte do jogo, não foi incomodado em nenhum momento nos 45 minutos finais.   

Sem repertório para furar a retranca do Cuiabá, o Remo agiu como qualquer equipe limitada faria. Ficou cruzando bolas na área à espera de uma falha acidental que levasse ao gol. Não houve iniciativa criativa para romper a marcação. A presença de Felipe Vizeu no ataque não ajudou em nada, apenas aumentou o número de jogadores na área.

Antônio Oliveira não tem tempo a perder na busca de soluções para o dilema criativo. Encontrar um meia habilidoso e articulador é o primeiro passo. Régis poderia ser esse jogador, mas fisicamente não é confiável. 

Jaderson é indispensável, mas vive sobrecarregado com outras funções em campo, inclusive defensivas. Falta um armador para conduzir o time, principalmente em circunstâncias desfavoráveis. Por sorte, a janela de transferências abre na quinta-feira, 10.  

Fluminense está perto da grande final

Com a força de jogadores experientes, como Fábio, Tiago Silva e Germán Cano, e a categoria de John Arias, o Fluminense entra em campo contra o Chelsea pronto a continuar fazendo história. É uma luta até desigual, pois o time inglês é um dos mais ricos do mundo, mas o Tricolor vem se notabilizando por desafiar os incrédulos.

O esquema armado por Renato Gaúcho é até simplório. Uma zaga que marca firme e não tem vergonha de dar chutão. Um meio-de-campo operário e diligente. O ataque é rápido e letal. Tudo isso guarnecido por um goleiro que virou lenda. Fábio, aos 44 anos, caminha para ser eleito o melhor do Mundial de Clubes, com méritos – só Neuer o ameaça.

Caso consiga conter os avanços do Chelsea e equilibrar o jogo físico, o Flu tem chances de continuar surpreendendo. Ninguém pode duvidar da força de um time que se alimenta dos desafios que surgem pela frente.

Doc sobre Wright espanca os fatos

Quem viu desavisadamente o documentário “Homens de Preto” no Sportv sobre José Roberto Wright, deve ter tomado um susto. A narrativa é distorcida para restaurar a imagem do árbitro mais polêmico da era moderna no Brasil. Wright é unanimidade nacional em lambanças que sempre ajudavam um clube mais poderoso, quase sempre o Flamengo.

Galvão Bueno, Casagrande, Raul, Arnaldo Cézar Coelho e outros pintaram Wright como uma espécie de Pelé da arbitragem. Um troço constrangedor. Autoritário, metido a xerife, ameaçava jogadores e tentava aparecer mais do que os craques.  

A partida válida pela Libertadores em 1981, no Serra Dourada, em Goiânia, ficou marcada historicamente pela expulsão de cinco jogadores do Atlético-MG, o que garantiu a vitória do Flamengo por W.O. Saiu acusando os jogadores de terem estragado a partida. Reinaldo foi o único a dizer que Wright meteu a mão no Galo, e meteu mesmo.

Apitou também Fluminense x Bangu, na decisão do Carioca de 1985, e voltou a ser o protagonista na condição de larápio – pelo menos na avaliação da torcida banguense, até hoje ressentida com a desastrosa atuação. O Bangu fez 1 a 0, o Flu virou e, nos acréscimos, o zagueiro Vica agarrou Cláudio Adão na área. Pênalti claro, que Wright não deu.

Em 1982, por iniciativa da Globo, ele topou apitar com uma escuta presa ao corpo – sem que os jogadores soubessem – para retratar o que rolava em campo durante um Flamengo x Vasco. Exibicionismo, covardia e grosseria explodindo em transmissão nacional, impunemente.

O bizarro documentário do Sportv parece ter sido pensado para relativizar os absurdos que recheiam a trajetória do juiz, dourando sua biografia. Pior que tudo foram os elogios do repórter Tino Marcos, que teve a pachorra de louvar “a bravura” de Wright na ameaça a jogadores em campo.