Mundo

Dólar abre nesta sexta com leve queda após salto na véspera

Dólar abre nesta sexta com leve queda após salto na véspera Dólar abre nesta sexta com leve queda após salto na véspera Dólar abre nesta sexta com leve queda após salto na véspera Dólar abre nesta sexta com leve queda após salto na véspera
 
FOTO: Marcello casal jr/Agência Brasil
FOTO: Marcello casal jr/Agência Brasil

 

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar recuava frente ao real nesta sexta-feira (10), com investidores realizando lucros após salto na véspera. Às 9h08, o dólar à vista caía 0,18%, a R$ 5,1337 na venda.
Queda acontece em momento que mercados continuavam de olho na política monetária do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) e nas divisões dentro da diretoria do Banco Central.
Na quinta (9), o dólar fechou em alta de 1,03% e chegou a R$ 5,143 na venda.
O Ibovespa, por sua vez, caiu 1,00%, a 128.188,38 pontos, com investidores repercutindo balanços corporativos e a decisão dividida pela desaceleração do ritmo de corte da taxa Selic.
O Banco Central decidiu cortar a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,50% ao ano, interrompendo uma sequência de seis reduções seguidas de 0,50 ponto percentual e abandonando a indicação sobre o futuro dos juros básicos.
O corte, porém, levantou preocupações sobre mudanças no perfil do colegiado, com o Copom (Comitê de Política Monetária) também destacando em seu comunicado cenários internacional e doméstico incertos.
Segundo participantes do mercado, o que mais pesou foi a divisão na decisão, que, para muitos, revela viés político na autarquia.
De acordo com o comunicado do Copom, a redução de 0,25 ponto foi apoiada pelo presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes. Indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por corte maior, de 0,50 ponto percentual.
Pesa ainda a decisão de Galípolo, antes número 2 de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e hoje apontado como o favorito para ser o próximo presidente do BC. No final deste ano, Lula deverá indicar um novo presidente e mais dois diretores, conforme os mandatos de Campos Neto, Carolina Barros e Otávio Damaso se aproximam do fim.
Com Galípolo de um lado e Campos Neto de outro, a análise é que a votação pode ter sinalizado “como será a política monetária do próximo mandato”, avalia José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos.
Para Alfredo Menezes, sócio da gestora Armor Capital, o fato de todos os indicados pelo governo terem votado por maior flexibilização monetária ainda “pode passar uma percepção de que o novo BC em janeiro será muito influenciado pelo Poder Executivo”.
A percepção de que o BC pode se tornar mais leniente com a inflação a partir de 2025, quando os dirigentes indicados por Lula se tornarem maioria na autarquia, fez as taxas de juros de longo prazo dispararem na tarde desta quinta.
A taxa para janeiro de 2027 bateu 10,88%, ante 10,809%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 marcou 11,205%, ante 11,094%. O contrato para janeiro de 2031 ficou em 11,68%, ante 11,511%.
“Na ponta curta, quem controla e quem dita é o BC. E se o mercado entende ou teme que o BC irá, de alguma forma, utilizar uma taxa de juros que não será sustentável para perseguir seu mandato, realmente ele vai demandar mais prêmios para as taxas mais longas. É a dinâmica que está acontecendo hoje”, comentou Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.
“A divisão no Copom de alguma forma pegou os investidores com alguma surpresa e abriu margem para interpretações negativas quanto a desdobramentos de possíveis cenários à frente.”
O cenário, somado a uma série de balanços corporativos que decepcionaram investidores, levou à Bolsa a operar no campo negativo por toda a quinta-feira. Vale e Petrobras, as empresas de maior peso no Ibovespa, avançaram, o que conteve parte da pressão sobre o índice, mas não conseguiu inverter o sinal.