
Como já vimos nas reportagens anteriores, a disbiose nada mais é que o desequilíbrio da microbiota intestinal, ou seja, a alteração no equilíbrio entre as bactérias “boas” e “ruins” que habitam o intestino.
A biomédica da Unama, Sélly Lira, lembra que os alimentos que prejudicam a microbiota são aqueles alimentos que promovem a disbiose, ou seja, o desequilíbrio desses microorganismos que estão presentes no intestino.
“Os principais alimentos que causam essa disbiose, que prejudicam a microbiota, são os alimentos ultraprocessados, o consumo excessivo de açúcares refinados, o excesso do consumo de gorduras trans e saturadas que estão presentes nos fast foods, frituras, margarinas e carnes processadas”, lista.
“Esses alimentos têm sido muito associados com o aumento da permeabilidade intestinal, produção de compostos inflamatórios, o que gera uma alteração, tanto em nível intestino-sistema imune, como em nível intestino-sistema nervoso central”, ilustra. “Alguns alimentos têm essa propriedade, essa capacidade de modular neurotransmissores, como a serotonina, a dopamina, o GABA, e que são essenciais para o equilíbrio emocional. Então, quando eu tenho um desequilíbrio, consequentemente, eu posso também ter um desequilíbrio desses neurotransmissores, ocasionando processos como ansiedade, depressão e assim por diante”, alerta.
Relação entre Obesidade e Saúde Mental
Em relação a microbiota, obesidade, ansiedade e depressão, estão diretamente relacionadas. Conforme Sélly Lira, em casos de obesidade, alguns estudos já mostram que indivíduos com excesso de peso vão apresentar um perfil microbiano distinto. Ou seja, eles vão apresentar bactérias que conseguem extrair mais calorias dos alimentos e contribuem até mesmo para o acúmulo da gordura no corpo.
“É importante salientar que a microbiota está muito relacionada com o mecanismo que envolve digestão, absorção de nutrientes, modulação hormonal, resposta inflamatória, e que tudo é regulado de maneira muito adequada”, ressalta.
“Quando tem alguma alteração, tem algum desequilíbrio, isso pode favorecer o acúmulo de gorduras e o surgimento também de resistência à insulina. Então, o desequilíbrio dessa microbiota pode levar a um estado também de inflamação crônica, alterando todas essas funções, como absorção, modulação, digestão, entre outros”.
Tudo isso está diretamente ligado com ganho de peso, por conta do acúmulo de gordura, e também do risco de doenças como diabetes, devido à resistência à insulina. “Já em relação à saúde mental, como depressão e ansiedade, é uma relação que vem sendo muito estudada. Existem estudos que comprovam a relação e muitos outros estudos ainda estão sendo feitos para compreender ainda mais”.
Impacto do Desequilíbrio da Microbiota
Quando ocorre o desequilíbrio da microbiota, a produção de serotonina pode ser afetada, o que aumenta os riscos de ansiedade e depressão. “Então, a disbiose, ou seja, o desequilíbrio da microbiota, está muito relacionada com a produção desses neurotransmissores. Quando eu tenho o desequilíbrio da microbiota, consequentemente eu posso ter um desequilíbrio na produção desses neurotransmissores, afetando funções importantes do nosso cérebro, como humor, sono e assim por diante”, exemplifica.
“Então é importante cuidar da microbiota justamente por conta dessa importância que ela tem tanto a nível imunológico quanto a nível de saúde mental. Ingerir alimentos que sejam probióticos ou prebióticos e que ajudem a manter o equilíbrio é importante. Isso favorece também um peso saudável, pessoas com um humor muito mais adequado, reduz a ansiedade e também fortalece o sistema imunológico”, destaca.