MERCADO

Da casa dos pais ao primeiro imóvel: leilões digitais conquistam a nova geração

Com preços mais baixos e processos online, jovens encontram nos leilões uma alternativa para sair do aluguel e conquistar independência

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Sair da casa dos pais e conquistar o primeiro imóvel é um sonho que começa a ganhar força entre os mais jovens. De acordo com levantamento da Brain Inteligência Estratégica, 37% da Geração Z — formada por pessoas nascidas entre 1997 e 2012 — já planeja comprar um imóvel, índice mais alto entre todas as gerações ativas.

Mobilidade urbana, proximidade de centros dinâmicos, sustentabilidade e tecnologia são fatores que pesam nas decisões dessa nova leva de compradores. E, cada vez mais, os leilões digitais entram no radar como caminho para realizar esse projeto de vida.

Uma pesquisa da MindMiners mostra que 58% dos brasileiros querem sair da casa da família nos próximos cinco anos. Muitos, porém, adiam a mudança por questões financeiras ou de cuidado com os pais. Ainda assim, cresce o número de jovens que recorrem a alternativas mais acessíveis para acelerar a independência — e os leilões de imóveis têm se mostrado uma das principais portas de entrada.

Segundo Elisa Rosenthal, fundadora do Instituto Mulheres do Imobiliário, essa geração busca segurança de um jeito próprio. “Embora sejam conhecidos por serem desapegados, esses jovens querem estabilidade e conexão com a comunidade. O imóvel é visto como uma forma de afirmar independência e construir uma vida mais sustentável e de qualidade”, afirmou.

O interesse tem respaldo nos números. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que o volume de imóveis ofertados em leilões saltou para 16 mil em 2024, aumento de 86% em relação a 2023. Já as vendas cresceram 156,7%, movimentando mais de R$ 200 bilhões — 92% delas realizadas por pessoas físicas.

Para além do investimento, os leilões judiciais também oferecem a chance de realizar o sonho da casa própria. “É um processo previsto em lei, acompanhado pela Justiça, que possibilita comprar imóveis e outros bens com descontos significativos”, explica Thiago da Mata, CEO da Kwara, plataforma especializada na modalidade.

A digitalização tem sido fundamental nesse movimento. Plataformas como a Kwara apostam em tecnologia, inteligência artificial e integração direta com o Judiciário para tornar os leilões mais seguros, acessíveis e transparentes. A proposta é simplificar uma jornada antes considerada burocrática e restrita.

Exemplo disso é a jornalista Mariana Rocha, de 28 anos. Ela comprou o primeiro imóvel ainda aos 24, enquanto morava com os pais, e agora planeja adquirir outro via leilão online. “A ideia é comprar, reformar e alugar, aproveitando o desconto que os leilões oferecem. É uma forma de investir e garantir uma renda extra”, contou.

Com valores abaixo do mercado e cada vez mais digitalizados, os leilões deixam de ser um nicho de investidores para se tornar um caminho real para jovens que buscam o primeiro lar.