Se tem uma narrativa relativamente “manjada” no cinema é o de Invasão Alienígena. São décadas e décadas de produtos que exploram histórias do invasor como vilão, ou do extraterrestre bonzinho. Enquanto alguns carregam na ação, outros adquirem conceitos mais dramáticos, por onde se aventuraram alguns dos principais diretores do cinema. É só fazer uma rápida busca no google, para ver a quantidade de obras que abordam esse tipo de enredo.
Em meio a uma onda recente, que incluem ótimos exemplares que inovam em conceitos, como “Não, Não Olhe” e “Um Lugar Silencioso”, temos o independente “Ninguém Vai Te Salvar” (2023) que surpreende por trazer algumas camadas dramáticas ao subgênero, mas derrapa na própria boa vontade. Aqui temos uma jovem (Kaitlyn Dever, se esforçando bastante) que mora sozinha em uma casa de fazenda típica americana, que em meio a um suposto estilo de vida pacato, sofre de ansiedade e depressão por problemas do passado. Para piorar, os aliens resolvem invadir a terra e dominar os seres humanos, em um dia aparentemente comum da vida dela. Resta lutar pela própria vida, enquanto a própria cidade em volta é dominada pelos invasores.
De cara, já percebemos a intenção do diretor Brian Duffield em tratar os invasores como uma metáfora para a incomunicabilidade e o medo expostos na síndrome do pânico que atinge a personagem principal (e praticamente única do filme inteiro). Aos poucos, enquanto confronta aqueles que vieram tirar sua paz, a garota deixa vir à tona as memórias do passado e se recusa a deixar essas lembranças para trás, enchendo a casa de objetos e cores que remetem a esse passado trágico.
São bons elementos para um roteiro que, ao mesmo tempo que homenageia a ficção científica clássica, também tenta estabelecer um leque a mais de discussões restritas a dramas mais independentes. Há boas cenas de ação e efeitos especiais, além do interessante design das criaturas, que mistura um body horror cósmico com a figura histórica dos ets cabeçudos e olhudos. Destaque ainda para Edição de Som, que é fundamental para a narrativa, já que os diálogos são raros.
Mas o problema é que o roteiro nunca atinge seu potencial, perdendo tempo em perseguições infrutíferas, atos que se alongam demais e um final que, apesar de poético, soa dissonante do que foi apresentado até ali, mesmo para criaturas que seriam em tese mais evoluídas que a raça humana. Vale um biscoito para quem gosta de naves, Ets feiosos e luzes coloridas. Quem quiser arriscar, o filme já está disponível no streaming do Star Plus.
CINE CAETÉ
Amanhã, 29, a Mostra Cine Caeté estreia na Vila dos Pescadores de Ajuruteua com cinco filmes: “Andiroba”, de Luiz Saraiva, Jessica Leite e Paulo Oeiras, “A mãe de todas as lutas”, da carioca Susanna Lira, “Katu, nós somos o povo Ka’apor”, de Alessandro Campos, “A pandemia e os conflitos no território Jambuaçu, no Pará” e “Mangues, Mundus”, ambos de Cícero Pedrosa Neto e San Marcelo. O projeto é um ensaio para a criação de um cinema de rua em Bragança, sonho do cineasta San Marcelo, da Sapucaia Filmes.