Luiz Flávio
A palestra mais importante do último dia da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, realizada em Belém nesta semana, foi a de Iván Duque Marquez, ex-presidente da Colômbia, que fez várias reflexões e mandou duros recados em quase uma hora de palestra. Segundo ele, tudo pode ser muito bem feito, mas “sem proteger a Amazônia, não vamos conseguir alcançar nenhuma meta para a mudança climática até 2030”.
Duque destacou a grandeza da importância da região, destacando que os cerca de 7 milhões de km² da região não podem ser desconsiderados. “O tamanho do bioma Amazônia é quase do mesmo tamanho dos Estados Unidos, da Austrália. Isso mostra a dificuldade de implementar ações na região, pelo tamanho e pela multiplicidade de ações”, calculou.
Ele ressaltou ainda que se a Amazônia fosse um país, seria o maior da América Latina e Caribe, o segundo maior do hemisfério, com 50 milhões de habitantes. E se só a parte brasileira fosse um país, ainda seria o segundo maior do hemisfério. “Não fica clara a dimensão desse bioma, de que são 400 incêndios simultâneos em oito nações”, afirmou Iván.
O ex-presidente colombiano chamou atenção para a necessidade de se entender a importância geopolítica da Amazônia. “O bioma é o principal tesouro de biodiversidade do mundo, mais de 20% das espécies da flora do mundo são encontradas aqui, além de uma diversidade de anfíbios, répteis e outros animais. É um regulador natural dos ecossistemas, de diversos ecossistemas do hemisfério, que dependem da forma que se protege a Amazônia”, continuou.
O colombiano deixou bem claro: para alcançar as metas globais, é imprescindível o desmatamento zero.
“A Amazônia é fundamental para contenção da crise climática. Sem ela, quantas COP’s tivermos, sem uma nova economia para o bioma amazônico, não haverá sucesso. O Brasil é determinante para salvar a Amazônia por causa do seu tamanho, já que detém 60% do bioma. Para isso é preciso deixar o pensamento convencional e dar saltos sem precedentes. Deixar os debates idealizados e polarizantes. Conservar Amazônia não é esquerda ou direita, é uma necessidade moral”, apontou.