GUSTAVO SOARES, TIAGO RIBAS E VICTOR LACOMBE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Se 2022 ficou devendo em grandes lançamentos, a indústria de games recuperou o atraso em 2023.
As novidades adiadas para este ano, e os títulos já planejados resultaram no que tem sido considerado por muitos analistas como uma das melhores safras de jogos dos últimos tempos.
O ano foi de consolidação para a atual geração de consoles, com alguns dos principais jogos sendo lançados exclusivamente para Xbox Series S|X e PlayStation 5.
Foram os casos, por exemplo, de “Spider-Man 2”, maior lançamento da Sony no último ano, e “Starfield”, aposta da Microsoft para bombar seu serviço de games por assinatura, o Xbox Game Pass.
Ainda assim, no sexto ano do Switch, a Nintendo não ficou para trás. Em meio a crescentes indícios da chegada de um novo console em 2024, a empresa lançou títulos elogiados pela crítica e pelo público, como “The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom” e “Super Mario Bros. Wonder”, no que pode ter sido o canto do cisne do aparelho.
Mesmo com tantos grandes lançamentos, a indústria passou por um ano turbulento com demissões em massa em diversos estúdios.
Analistas têm atribuído o fenômeno a um retorno a expectativas mais realistas após o boom de investimentos no período da pandemia de Covid-19. Se for isso mesmo, essa sequência de grandes games deve demorar a se repetir.
Do lançamento surpresa de “Hi-Fi Rush”, em janeiro, à estreia de “Alan Wake 2”, no fim de outubro, veja quais foram os principais jogos de 2023.
Alan Wake 2
PC (R$ 180), PS5 (R$ 270,90), Xbox Series X/S (R$ 216,72)
Utilizando o videogame como base para explorar outras mídias, a Remedy Entertainment criou um dos jogos mais ousados e inovadores dos últimos tempos. Uma verdadeira obra de arte digital.
O jogo de terror retoma a história de “Alan Wake”, lançado em 2010, mas não tem medo de ousar em relação ao antecessor. Há uma nova protagonista, novas mecânicas de jogabilidade e uma história ainda mais maluca, que promete interligar outros games do estúdio, como “Control”, “Max Payne” e “Quantum Break”.
Armored Core 6
PC (R$ 257,90), PS4/PS5 (R$ 299,90) e Xbox One/X/S (R$ 299,90)
O estúdio japonês From Software teve um ano fortíssimo em 2022 com o lançamento de “Elden Ring”, novo RPG de fantasia que segue os passos de “Dark Souls” com maestria. O lançamento da desenvolvedora em 2023, “Armored Core 6”, foi igualmente bem recebido, revivendo uma franquia que não ganhava um novo jogo há dez anos.
É difícil não gostar da experiência de pilotar um robô gigante que voa pra cima e pra baixo em altas velocidades e explode o que vê pela frente, e “Armored Core 6” entrega justamente isso. Mantendo aspectos dos jogos originais, com uma gameplay baseada em missões a serem concluídas e muita experimentação com builds diferentes de robôs, o jogo é mais uma empreitada bem sucedida do estúdio japonês.
Baldur’s Gate 3
PC (R$ 199,99), PS5 (R$ 299,90), Xbox Series X/S (R$ 259,95)
Vencedor dos prêmios de Jogo do Ano e de Escolha dos Jogadores no The Game Awards, o sucesso do RPG em turnos do Larian Studios surpreendeu muita gente da indústria de games. Não os fãs da franquia, que esperavam ansiosamente mais de 20 anos por essa continuação.
Com gráficos exuberantes e dando liberdade sem igual para os jogadores, o título foi além e conquistou também neófitos no gênero, muitos dos quais só tinham ouvido falar do sucesso de “Baldur’s Gate 2”. Recepção à altura da paixão e dedicação que os desenvolvedores entregaram para criar um game único e memorável.
Chants of Sennaar
PC (R$ 69), PS4/PS5 (R$ 104,90), Xbox One/X/S (R$ 83,96), Switch (R$ 104,90)
Mesmo em um ano repleto de “blockbusters”, os indies conseguiram brilhar. Segundo título do estúdio francês Rundisc, esse jogo de quebra-cabeças coloca o jogador no papel de um tradutor que precisa descobrir os mistérios de uma torre de babel através de lógica, suposições e associações livres.
É um título que faz pensar duplamente. Primeiro, óbvio, para resolver os problemas que o jogo apresenta. Mas depois também sobre o que a linguagem significa para a humanidade e como por vezes ela pode ser a raiz de problemas que parecem muito mais complexos.
Dead Space
PC (R$ 249), Xbox Series X/S (R$ 339) e PS5 (R$ 339)
Surfando na onda de remakes de jogos clássicos dos últimos 20 anos, “Dead Space” trouxe para a nova geração a experiência desconcertante, tensa e cativante de explorar a nave Ishimura com o engenheiro Isaac Clarke –que ganhou uma voz própria, abandonando o status de protagonista silencioso do original.
A novidade sofreu críticas, mas ao fim trouxe vida renovada à história de uma seita alienígena que toma conta de uma colônia de humanos no espaço no futuro distante. Gráficos de ponta, jogabilidade atualizada e conteúdo novo tornam “Dead Space” um bom exemplo de como um remake deve ser feito, e um marco importante no gênero em 2023.
Hi-Fi Rush
PC (R$ 109,00), Xbox Series X/S (R$ 112)
Um dos primeiros sucessos do ano foi, literalmente, uma surpresa: o estúdio japonês Tango Gameworks, responsável pela franquia de terror “Evil Within” e pelo promissor mas pouco inspirado “Ghostwire: Tokyo”, anunciou “Hi-Fi Rush” no dia 25 de janeiro, em um evento da Microsoft –e lançou o jogo para o PC e o Xbox Series no mesmo dia.
Felizmente, foi uma surpresa positiva, e o game é muito divertido: um jogo de ritmo no qual acertar os ataques em sincronia com as notas da trilha sonora é uma ótima sensação, e a estética colorida e bem-humorada é uma variação bem-vinda aos jogos escuros e tensos que costumam dominar os lançamentos mais famosos do estúdio.
Humanity
PC (R$ 88,99) e PS4/PS5 (R$ 159,90); disponível na assinatura da PlayStation Plus Extra
Um cachorro da raça Shiba Inu é o protagonista do puzzle “Humanity”, espécie de “Lemmings”, aquele jogo de computador dos anos 1990, mas com perspectiva 3D, estética sombria, narrativa niilista e uma trilha sonora experimental.
Dos criadores de “Tetris Effect: Connected”, o jogo consiste em orientar uma fila de pessoas até a saída de um percurso. Os tabuleiros são compostos por vários blocos, como no xadrez, e cada uma das posições comporta apenas um comando do jogador, como “virar à direita”. Só com a combinação correta desses comandos que se resolve os quebra-cabeças, geralmente após várias tentativas e a dose certa de estresse.
Lies of P
PC (R$ 249,90), PS4/PS5 (R$ 239,90), Xbox One/X/S (R$ 299,90); incluso na assinatura do Xbox Game Pass
Todo ano, dezenas de jogos que imitam a série “Dark Souls”, de forma mais ou menos descarada, chegam ao mercado e têm impacto quase nulo no gênero e no universo de videogames como um todo. Mas, ocasionalmente, um lançamento que bebe da fonte do estúdio japonês FromSoftware surpreende e traz ideias novas o bastante para caminhar com os próprios pés.
É o caso de “Lies of P”, da sul-coreana Neowiz, que resgata a experiência do primeiro “Dark Souls”, com chefes difíceis e um ambiente que recompensa exploração e tentativa e erro. É um dos jogos de ação e aventura mais interessantes do ano e fortemente recomendado para quem é fã dos “soulslikes”.
Marvel’s Spider-Man 2
PS5 (R$ 349,90)
O principal exclusivo para PlayStation 5 no ano é maior que seu antecessor, de 2018, em vários sentidos. “Spider-Man 2” tem uma Nova York expandida, com a adição do Brooklyn e do Queens, e uma história mais ambiciosa que se divide entre Peter Parker e Miles Morales.
A grande novidade, no entanto, passa pelos avanços técnicos da geração atual. Há uma cidade mais detalhada, tempo de carregamento mínimo entre cenas, histórias que se desenvolvem enquanto o jogador está no controle, lutas de chefe mais elaboradas e tudo o mais que dá ao título um verniz de alto orçamento. Passear pela metrópole com o Homem-Aranha nos videogames nunca foi tão interessante.
Resident Evil 4
PC (R$ 249), Xbox Series S/X (R$ 259), PS4/PS5 (R$ 259,50)
“Resident Evil 4”, lançado originalmente em 2005, ganhou um remake neste ano que reflete a maturidade do clássico e da franquia como um todo. O jogo é uma aventura viciante que traz diversas mudanças, modernizando a jogabilidade, mas maneirando no tom burlesco e apostando num verniz nostálgico.
A sequência dos acontecimentos da história quase não é alterada, mas a abordagem muda bastante –a galhofa é menos gritante, seja com diálogos que se levam mais a sério, limando cenas de humor absurdo, e monstrengos menos caricatos. Com mais liberdade de movimento, há também inimigos mais agressivos, variados e menos previsíveis, em hordas que mal deixam você abrir o inventário para recuperar a vida.
Sea of Stars
PS4/PS5 (R$ 187,90), Xbox One/X/S (R$ 99,95), Nintendo Switch (R$ 89,99) e PC (R$ 99,99); incluso nas assinaturas do Xbox Game Pass e PlayStation Plus Extra
Um dos maiores lançamentos indie do ano aposta em uma reimaginação dos RPGs dos anos 1990 com toques modernos. Do estúdio Sabotage, de “The Messenger”, a ideia de “Sea of Stars” é ser ao mesmo tempo uma coletânea de referências e uma experiência singular.
O jogo parte da estrutura já consolidada das franquias mais famosas do gênero, como os primeiros “Dragon Quest” e “Final Fantasy”, e moderniza a exploração do mundo e o sistema de combate baseado em turno, tornando-os mais dinâmicos e palatáveis aos jogadores modernos.
Starfield
PC (R$ 299), Xbox Series X/S (R$ 349,95); incluso na assinatura do Xbox Game Pass
A desenvolvedora Bethesda Softworks é conhecida por mundos abertos vastos, e as expectativas foram grandes desde que o estúdio anunciou, em 2018, que estava trabalhando em um RPG de ficção científica que prometia uma galáxia inteira a explorar.
Cinco anos depois, “Starfield” veio ao mundo e dividiu opiniões tanto de veículos de mídia e críticos especializados quanto de jogadores. Amando ou odiando, é preciso reconhecer que “Starfield” foi um dos lançamentos mais aguardados e importantes do ano, e que consolidou o modo Bethesda de fazer videogames: RPGs imensos, complexos, abertos, mas não necessariamente unanimidade entre o público.
Street Fighter 6
PS4/PS5 (R$ 279,50), Xbox Series S/X (R$ 279) e PC (R$ 249)
“Street Fighter 6” realizou o feito de tanto agradar fãs de longa data da franquia quanto criar interesse em um público novo. Entre os fatores que permitiram esse sucesso, pouco comum para jogos de luta, foi a adoção de um esquema de controles chamado “moderno”.
Em vez de fazer combos tradicionais, como “meia-lua e soco”, o jogador pode usar atalhos para aplicar golpes especiais, o que deixa a porradaria mais divertida para todo mundo. Além das lutas tradicionais, o game acrescenta o modo World Tour, no qual o jogador pode, como num RPG, criar seu próprio personagem -com roupas e golpes próprios- e explorar uma região inspirada na Times Square para cumprir missões e se tornar um grande lutador.
Super Mario Bros. Wonder
Nintendo Switch (R$ 299)
Após mais de dez anos sem lançar em consoles um jogo de plataforma 2D inteiramente novo do Mario, a Nintendo reformulou o visual do encanador bigodudo e renovou a franquia. Ainda assim, a empresa japonesa manteve as bases que fazem desta uma das séries de maior sucesso da história dos videogames.
Lindo, inovador e nostálgico, “Super Mario Bros. Wonder” mostra o papel que a principal mascote da Nintendo pode exercer em uma nova era dos games. O de porta de entrada para as novas gerações e de retorno para aqueles que deixaram os videogames no passado, mas que lembram do hobby com carinho.
The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom
Nintendo Switch (R$ 357,99)
Com a difícil tarefa de dar continuidade ao sucesso de “The Legend of Zelda: Breath of the Wild”, o novo game do herói Link superou as expectativas e pode ser considerado um dos melhores títulos da clássica série de jogos de aventura e exploração da Nintendo.
O jogo aproveita uma versão turbinada do mapa do seu antecessor e a incrementa com novas áreas para serem exploradas. Além disso, conta com uma mecânica inovadora de construção de máquinas e estruturas que dá liberdade sem precedentes para o jogador encarar os desafios à sua frente como bem quiser.