Educadora e pesquisadora autodidata na área de astronomia, Márcia Kishi representa o Pará na Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Brasília.
Educadora e pesquisadora autodidata na área de astronomia, Márcia Kishi representa o Pará na Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Brasília.

Educadora e pesquisadora apaixonada por astronomia desde a infância, a paraense Márcia Kishi tornou-se um nome de destaque no cenário nacional da ciência cidadã ao realizar mais de 400 detecções de asteroides por meio do projeto Internacional Search Collaboration (IASC), em parceria com a NASA. O feito, conquistado entre 2023 e 2025, lhe rendeu reconhecimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que concedeu medalhas de mérito pelas descobertas.

No próximo dia 22 de outubro, Márcia voltará a Brasília para representar o Pará na Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCT/DF), onde será novamente premiada pelas contribuições ao projeto Caça Asteroides MCTI. Ela é, até o momento, a única paraense com essa quantidade de detecções confirmadas. “Fico feliz de poder representar o meu Estado e mostrar que a ciência pode ser para todos. Quero incentivar mais mulheres e meninas a seguirem na área científica”, contou ela ao DIÁRIO.

Atuando como colaboradora voluntária do programa Caça Asteroides MCTI, Márcia integra uma rede internacional coordenada pelo Observatório Nacional, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), pelo Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), com supervisão do MCTI e parceria com o International Astronomical Search Collaboration (IASC/NASA Partner). O projeto brasileiro tem à frente a diretora Silvana Copceski e a coordenadora Agna Baldissarelli.

Em sua rotina de trabalho, Márcia Kishi analisa imagens captadas pelos telescópios Pan-STARRS 1 e 2, localizados no Havaí, por meio do software Astrometrica. O processo exige atenção e rigor técnico: ela identifica objetos em movimento em uma sequência de imagens, elabora relatórios e envia as observações ao Minor Planet Center, responsável pela validação das detecções. Atualmente, das mais de 400 detecções realizadas, 26 já receberam designações provisórias e uma foi numerada oficialmente”, detalhou.

Descobertas e Metodologia de Márcia Kishi

“Eu analiso imagens do observatório Pan-STARRS (Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System), localizado no Havaí. As imagens que recebo são captadas pelos telescópios Pan-STARRS 1 (PS1) e Pan-STARRS 2 (PS2). Essas imagens eu analiso no computador por um software chamado Astrometrica. Após extrair as imagens eu preciso analisar um objeto que se movimenta em 3 ou 4 pulos, faço um relatório e reporto para saber se a detecção é válida. Uma detecção de asteroide não é algo de imediato, portanto, todas essas analises são estudadas e reportadas para o Minor Planet Center e, um asteroide precisa passar por algumas etapas até ser nomeado oficialmente, ou seja, ele precisa passar por essa etapa: Preliminar, Provisório, numerado e nomeado oficialmente.

“Daqui a alguns anos, terei a oportunidade de sugerir nomes para alguns dos asteroides detectados. Quero homenagear pessoas do Pará e mostrar a importância de valorizarmos a ciência feita por quem vem da Amazônia”, explicou a pesquisadora.

Formação e Atuação

Formada em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade do Estado do Pará (Uepa) e em Pedagogia pela Universidade Santo Amaro, Márcia também possui formação técnica em Informática pelo Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) e especializações em diversas áreas das ciências humanas e educação inclusiva. Atualmente, cursa pós-graduações em Ensino de Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e em Filosofia, Cultura e Educação pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Com sua trajetória multifacetada e dedicação à ciência, Márcia Kishi representa não apenas o talento paraense, mas também a força de mulheres que transformam curiosidade em conhecimento e inspiração.

“Sempre fui apaixonada por astronomia desde criança, sempre gostei de vários assuntos e sempre tive curiosidade sobre o espaço. Quando eu vi que existia um projeto que poderia ter a oportunidade de fazer detecções de asteroides eu fui atrás de saber como funcionava. Fico feliz de poder representar o Pará. Tenho o objetivo de poder incentivar mais mulheres e meninas na ciência”, revelou.

Editado por Luiz Octávio Lucas