SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O submarino que transportava turistas para explorar os destroços do Titanic, e que desapareceu no oceano Atlântico, é dirigido por um controle semelhante aos de videogames. O interior do veículo é apertado e simples, com só três monitores, um botão, uma janela pequena e um banheiro improvisado.
O submersível parou de fazer contato nesta segunda-feira (19), na costa sudeste do Canadá. Autoridades canadenses e dos Estados Unidos intensificaram os esforços numa corrida contra o tempo para localizar o submarino, que na manhã desta terça (20) ainda teria entre 50 e 76 horas de oxigênio, segundo estimativas.
A embarcação Titan é operada pela empresa OceanGate Expeditions, cuja proposta divulgada em seu site é aumentar o acesso do público ao oceano profundo. O CEO da companhia, Stockton Rush, disse em reportagem da emissora americana CBS que o submersível não exige muita habilidade para conduzi-lo. “É como se fosse um elevador”, afirma.
O interior do submersível tem três monitores -um com informações de navegação, outro para o sonar e uma tela maior, em que imagens do exterior são exibidas para os passageiros. A embarcação tem apenas um botão, que muda de vermelho para verde quando é acionado, e vice-versa.
À emissora canadense CBC, Rush mostra que uma estrutura de metal serve de banheiro ao lado da janela. “É o melhor lugar da casa. […] Colocamos uma tela de privacidade e aumentamos a música”, diz.
O submersível é controlado por um aparelho que lembra um controle de videogame. Rush afirma que o item é resistente e usa a tecnologia bluetooth, mas que a tripulação leva peças extras caso o objeto apresente problemas no fundo do mar. “Adotamos uma abordagem completamente nova. Tudo é executado com este controle e telas sensíveis ao toque.”
David Pogue, jornalista da CBS que viajou no Titan no ano passado, disse à emissora britânica BBC que hesitou em embarcar porque alguns dos componentes pareciam improvisados. “Você dirige este submarino com um controle de jogo do Xbox, parte do lastro eram canos de construção abandonados.”
Segundo o jornalista, os passageiros ficam “selados” na cápsula principal por vários parafusos colocados do lado de fora e que precisam ser removidos por uma equipe externa. Por isso, é impossível que escapem sozinhos, diz.
A OceanGate diz em seu site que o submersível é feito com fibra de carbono e titânio. O veículo pode chegar a 4 mil metros de profundidade (13.123 pés) e alcança uma velocidade de 5,5 quilômetros por hora. “Através do uso inovador de materiais modernos, o Titan é mais leve e mais econômico do que qualquer outro submersível de mergulho profundo”, diz a empresa.
O veículo mede 6,7 metros de comprimento e pesa cerca de 10 toneladas. A autonomia é de 96 horas quando cinco pessoas estão a bordo. A embarcação leva duas horas para descer em águas profundas até o Titanic, segundo a agência de notícias Reuters.
A OceanGate Expeditions cobra US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) por uma vaga em suas expedições de oito dias para ver os restos do transatlântico. Além do piloto, o submersível comporta três passageiros (pagantes) e um “especialista em conteúdo”.
A empresa explica ainda que seus clientes recebem “uma orientação da embarcação e instruções de segurança” e diz que não exige nenhuma experiência prévia de mergulho, mas que há “alguns pré-requisitos físicos” -embora não esteja claro quais são. A expedição começa em Newfoundland, no Canadá, antes de se dirigir por aproximadamente 600 km no Atlântico até o local dos destroços.
Entre as pessoas a bordo do submarino está o bilionário e explorador britânico Hamish Harding, 58, fundador e CEO da empresa Action Aviation, o empresário paquistanês Shahzada Dawood, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho Suleman.
Ao menos dois aviões americano e canadense equipados com sonar capaz de detectar submarinos foram mobilizados para as buscas. Nesta terça, a França anunciou que também enviará ajuda.
“É um desafio realizar uma busca nessa área remota, mas estamos mobilizando todos os recursos disponíveis para garantir que possamos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo”, afirmou o contra-almirante John Mauger, um dos responsáveis pelas operações.
Navio de passageiros britânico, o Titanic afundou em sua viagem inaugural de Southampton a Nova York após bater num iceberg, em 1912. Dos 2.200 passageiros e tripulantes a bordo, mais de 1.500 morreram.