RESENHA E POUCO CONTEÚDO

Comentarista ou fã de arquibancada? A confusão nos microfones

A crítica esportiva perdeu espaço para o clubismo, o humor forçado e o corporativismo entre ex-jogadores nas transmissões.

Clubismo, piadas e silêncios: quem analisa o jogo hoje?
Clubismo, piadas e silêncios: quem analisa o jogo hoje?

As emissoras e os canais de streaming estão cada vez mais dominados por ex-jogadores nas bancadas. O que poderia ser um reforço valioso na análise crítica de jogos ou atletas específicos virou apenas um detalhe.

O olhar de quem esteve dentro de campo funcionava muito bem até alguns anos atrás, quando ex-boleiros renomados, com boa comunicação e, acima de tudo, inteligência, ofereciam comentários cirúrgicos e enriquecedores. Mas o tempo passou, e hoje muitos se transformaram apenas em “passadores de pano”, especialmente para atletas com alguma relevância nas redes sociais. O corporativismo entrou em campo com força total.

Além disso, há também aqueles que tentam “assassinar” a língua portuguesa com comentários rasos e mal articulados — mas isso já é outra história. Uma parte desses comentaristas se especializou em animar a plateia com piadas fora de hora, como se isso fosse regra básica. Claro, o bom humor é sempre bem-vindo, mas há tempo e lugar para tudo. Quando a graça vira o centro da audiência, os programas perdem o sentido de existir.

Para quem realmente gosta de futebol, está cada vez mais difícil assistir a esses programas com os mesmos formatos desgastados. A crítica deu lugar à mediocridade — assim como a qualidade do nosso futebol.

Isso não significa que apenas jornalistas devam ocupar esses espaços. A classe também tem seus “bagres” e enganadores. E, agora, alguns que finalmente decidiram assumir suas paixões clubísticas o fazem sem nenhum pudor, defendendo seus times em comentários que deveriam ser isentos, apenas para agradar a torcida.

Equilíbrio e consciência sobre a quem se dá voz deveriam ser os critérios centrais. Afinal, estão falando para multidões com o poder de formar opinião. Sorte nossa que ainda temos o controle remoto na mão — seja para mudar de canal ou para quase quebrar o botão de “mute” durante uma transmissão.

Voltamos a qualquer momento…

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.