GERSON NOGUEIRA

Com o Re-Pa no pensamento

Não adianta muito falar em Série B neste momento. O torcedor está com o pensamento voltado para a decisão do Campeonato Paraense.

Não adianta muito falar em Série B neste momento. O torcedor está com o pensamento voltado para a decisão do Campeonato Paraense,
Não adianta muito falar em Série B neste momento. O torcedor está com o pensamento voltado para a decisão do Campeonato Paraense, - Foto-Wagner Santana/Diário do Pará

Não adianta muito falar em Série B neste momento. O torcedor está com o pensamento voltado para a decisão do Campeonato Paraense, que será disputada tardiamente, mas é sempre capaz de mobilizar as massas. É claro que o ideal seria que a final tivesse sido jogada antes do Brasileiro, mas as trapalhadas tribunalescas de sempre se encarregaram de paralisar o Parazão e desmembrar os jogos decisivos.

A emoção da disputa do título estadual, que quase foi arrancado de nossas torcidas, finalmente vai acontecer. Serão dois jogos de tirar o fôlego. Leão e Papão abrem espaço na tabela da Série B para se dedicar a batalhas que têm tudo para reproduzir as grandes finais da história do clássico.

O momento é mais favorável ao Remo, que está invicto e ocupando um lugar no G4 da Série B. Não quer dizer muito em termos de Re-Pa, um duelo que costuma desmentir favoritismos. São incontáveis as vezes em que um time cotado para vencer acabou frustrando expectativas.

É bem verdade que o PSC vive um momento delicado neste começo de Série B, embora já tenha conquistado duas taças – Copa Verde e Copa Grão Pará. Sem vencer há nove partidas, o time é o penúltimo colocado no Brasileiro e convive com uma constante ameaça de crise.

Em consequência da má fase, o executivo de futebol Felipe Albuquerque foi demitido ontem. Havia a especulação de que o técnico Luizinho Lopes também poderia sair, mas a proximidade das finais do Parazão adiou essa decisão. Afinal, o time não poderia entrar na briga pelo título sem comandante.

Caso consiga levantar o título, o PSC certamente ganhará musculatura emocional e técnica para se recuperar na Série B. O Remo, ao contrário, em caso de revés, poderia comprometer a excelente trajetória na competição.

O fato é que, sob o comando de Daniel Paulista, o time azulino ganhou solidez e entrosamento, como raras vezes mostrou em início de Campeonato Brasileiro. O mais impressionante é que os resultados chegaram após somente oito jogos sob o comando do novo técnico.

A capacidade competitiva é inquestionável, a partir da execução de um sistema até conservador, de forte marcação e saídas rápidas. Contribui muito para a evolução o acerto nas contratações e a recuperação de jogadores que começaram mal, como o lateral Marcelinho.

Outro aspecto a destacar é a aplicação tática dos jogadores e a mentalidade vitoriosa. O Remo de Daniel Paulista não desiste do jogo nem mesmo em situações claramente desfavoráveis, como no confronto com o Criciúma, quando perdia por 1 a 0 e ficou com um jogador a menos (Maxwell se lesionou) nos 15 minutos finais.  

No PSC, os lampejos de lucidez técnica vistos contra Atlético-PR e CRB são insuficientes para apagar os resultados ruins. A maratona de jogos, as longas viagens e a baixa produção de jogadores importantes, como o lateral Bryan Borges, ajudam a explicar a situação difícil.

O ponto fascinante da história é que o retrospecto cai por terra quando a rivalidade histórica entra em cena nos clássicos finais do Parazão.

Insulto racista gera prisão em flagrante na Série B

O meia-atacante boliviano Miguelito, do América-MG, foi preso em flagrante na cidade de Ponta Grossa-PR após ser acusado de injúria racial pelo atacante Allano, do Operário. Depois de prestar depoimento e negar a prática racista, ele foi liberado ontem à tarde.

Em sua defesa, disse que usou uma expressão em espanhol que foi confundida com “preto cagão”. O caso vai prosseguir e Miguelito será processado. Há também o testemunho de Jacy, capitão do Operário.

Jogadores dos países vizinhos do Brasil têm uma visão diferente e deturpada em relação ao crime de racismo. Colômbia, Equador, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia têm leis excessivamente frouxas em relação a ofensas de natureza racista, tanto de atletas como de torcedores.

Um exemplo recente ajuda a explicar o problema: a ridícula e agressiva frase do presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Domínguez, que comentou a possibilidade de afastamento dos times brasileiros de competições continentais como protesto contra o racismo, comparando o Brasil à macaca Chita do Tarzan. Se o manda-chuva teve a pachorra de se manifestar desse modo, imagine a arraia miúda…

Allano se pronunciou em nota, reafirmando que foi insultado por Miguelito: “Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez. O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia”.

Racismo é crime nojento, abjeto e inaceitável. Só a rigorosa aplicação da lei pode reduzir essa prática criminosa no ambiente do futebol. Que a prisão de Miguelito sirva de exemplo, aqui e lá fora.