GABRIEL DIAS
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)
Diante da crise no Twitter, agravada após a compra da plataforma por Elon Musk, usuários insatisfeitos têm migrado para outras redes sociais. Uma que não sai da boca da galera -ou melhor, dos celulares- é o aplicativo Koo, lançado na Índia em 2020.
A decisão dos internautas ocorre após especulações sobre o possível fim do Twitter. Enquanto a plataforma Mastodon (conhecida como “Twitter Aberto”) ainda gera confusão com seus múltiplos servidores, o aplicativo indiano ganhou a atenção de muita gente com seu design simples e facilidade ao criar uma conta.
Entre os assuntos do momento no Twitter até 15h desta sexta-feira (18), três dos dez termos mais populares estavam relacionados com as palavras: “Koo App”, “O Koo” e “Meu Koo” – o nome inusitado para os brasileiros também ajudou na criação de piadas sobre a rede social em ascensão.
Famosos como o youtuber Felipe Neto, o humorista Paulo Vieira, a escritora Denise Tremura e o apresentador Casemiro já divulgaram em suas redes sociais que criaram contas no Koo.
“Meu Koo que brilha”, descreve Vieira em sua nova biografia no perfil do Twitter.
O QUE É O KOO?
O aplicativo foi criado na Índia há dois anos em meio a tensões do governo de Narenda Modi com o Twitter, na época acusado de favorecer detratores do governo.
O Koo oferece um design parecido com o do microblog comprado por Musk. A estratégia inicial da plataforma era ser utilizada por indianos que falam um dos 19 idiomas oficiais do país (não só o inglês). E, ao mesmo tempo, se aproveitar de turbulências no Twitter para crescer.
Em 2021, por exemplo, a rede social entrou rapidamente na Nigéria quando o Twitter foi suspenso no país africano.
De acordo com o site Zeenews, o Koo anunciou na última quarta-feira (18) que se tornou o segundo maior microblog disponível no mundo. A estimativa mais recente aponta que a rede social já tenha chegado a 50 milhões de usuários.
A startup responsável por seu desenvolvimento tem 200 funcionários e já levantou US$ 200 milhões de alguns investidores, incluindo empresas norte-americanas, de acordo com a imprensa estrangeira.
Agora, com as instabilidades do Twitter, a plataforma ataca novamente: além de já trazer suporte para o inglês, o serviço promete que vai funcionar em mais idiomas em breve, inclusive em português.
DADOS PESSOAIS
No momento do registro, o aplicativo solicita identificadores que se qualificam como dados pessoais obrigatoriamente, como:
– Nome completo;
– Número de celular;
– E-mail;
– Preferência de identificador do usuário;
– Data de nascimento;
– Gênero;
– Foto de perfil;
– Localização.
KOO É SIMPÁTICO, MAS PROBLEMÁTICO
O mascote, um passarinho amarelo, ostenta uma aura simpática, mas por detrás do seu sorrisinho está uma rede que já lida com questões polêmicas.
De acordo com a BBC, membros do governo Modi e celebridades de extrema-direita migraram em massa para o app Koo, e há acusações de que a rede social indiana amplifica a propaganda estatal e deixa o discurso de ódio contra muçulmanos rolar solto.
As diretrizes da Koo proíbem explicitamente o discurso de ódio e o conteúdo discriminatório ou ofensivo. Mas com “koos” (sua versão de tuítes) sendo gerados a cada segundo, a moderação é difícil, como é o caso em outras plataformas de mídia social, incluindo o Twitter.
Ao Washington Post, Aprameya Radhakrishna, cofundador da startup, disse que “os usuários odeiam se as empresas de redes sociais não agem como uma plataforma neutra”. Ele acredita que esse problema de moderação deve ser automatizado.