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Cinema em Fúria

Anya Taylor-Joy está pronta para a guerra em “Furiosa”. FOTO: divulgação

Trinta anos depois de “Mad Max – Além da Cúpula do Trovão” (1985), o australiano George Miller resolveu voltar àquele mundo pós-apocalíptico e dirigiu “Mad Max – Estrada da Fúria” (2015), um novo e intenso capítulo, cheio de inovações, cenas grandiosas e algumas das marcas do criativo e perfeccionista diretor. O filme não foi muito bem de bilheteria, mas conquistou o coração da crítica e ganhou um status posterior de cult entre os cinéfilos.

Eis que, agora, ele volta aos cinemas com “Furiosa – Uma Saga Mad Max”, que conta a origem da personagem que apareceu no anterior, aqui retirada ainda criança da comunidade onde nasceu, à força, e que acaba crescendo no meio de uma guerra entre dois tiranos de uma paisagem desértica, que querem dominar os combustíveis e a alimentação, cada vez mais escassos, em uma batalha de carros, fogo e sangue.

E tem Anya Taylor-Joy exalando ódio como a jovem Furiosa, mas ao mesmo tempo demonstrando uma ternura importante na construção da personagem. Por outro lado, Chris Hemsworth trabalha a veia cômica já vista em Thor ao transformar o vilão Dementus em uma quase caricatura de um imperador louco de Roma, que se exibe em uma “biga” de motos e mantendo um ar superior que não encontra paralelo em suas atitudes, impulsivas e equivocadas.

Não é um filme no nível de excelência de “Estrada da Fúria”, mas transita por uma identidade própria, apesar de repetir o trabalho espetacular em fotografia, efeitos especiais e coreografias de dublês do anterior. Em meio ao ritmo frenético da narrativa e o primor técnico, Miller dá sequência à sua ópera visual árida e sanguinolenta, com um ou outro respiro dramático, mas sempre calcado naquele mundo fascinante e detalhado.

É curioso perceber o trabalho do design de produção ao conceber as comunidades e personagens com particularidades, além do trabalho de composição dos veículos, figurinos e maquiagem. Enfim, um filme de ação único, dentro de um universo cinematográfico rico e fascinante.

Infelizmente, o filme tão teve um fôlego inicial bom de bilheteria e deve penar para pagar os custos de produção, em meio a uma crise comercial nos cinemas dos EUA e no mundo no pós-pandemia e no domínio das empresas de streaming. Há a promessa da volta do protagonista Max em “Mad Max – Wasteland”, que pode ser escrito por Miller e seu parceiro habitual Nick Lathouris, mas depois dos ganhos decepcionantes de “Furiosa”, será surpreendente que a produtora Village Roadshow queira dar dinheiro para mais um filme. Nos resta torcer para isso…