
Pelo quarto mês consecutivo, o custo da cesta básica de alimentos apresentou recuo em Belém, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado nesta quarta-feira, 8 de outubro. Em setembro de 2025, o valor total foi de R$ 672,84, o que representa uma redução de 2,10% em relação a agosto (R$ 687,30).
Apesar da boa notícia, os números ainda revelam um cenário desafiador para os assalariados paraenses. Isso porque a compra da cesta exige quase metade do salário mínimo atual, de R$ 1.518,00. “No mês passado, a cesta básica dos paraenses voltou a apresentar recuo de preços, pelo quarto mês consecutivo, com redução média em torno de 2%. O valor chegou à casa de R$ 672, mas é preciso lembrar que o assalariado no Pará ainda compromete quase metade do salário mínimo para adquirir seus alimentos”, ressaltou o supervisor técnico do Dieese no Pará, Everson Costa.
Produtos em queda e em alta
A pesquisa aponta que, em setembro, a maioria dos 12 itens que compõem a cesta apresentou queda de preços, com destaque para o açúcar (-17,01%), tomate (-7,76%), pão (-3,15%), arroz (-2,93%), leite (-2,46%), manteiga (-2,25%), feijão (-1,85%) e café (-1,32%). Por outro lado, alguns produtos ficaram mais caros, como o óleo de soja (+3,69%), a carne bovina (+1,59%), a farinha de mandioca (+0,85%) e a banana (+0,50%).
Segundo Costa, o movimento tem reflexos diretos no bolso do consumidor. “Nós estamos falando de quedas significativas em produtos básicos como açúcar, feijão, tomate, arroz, pão e até mesmo café, que vinha registrando altas expressivas. Esses recuos ajudam a aliviar um pouco mais o orçamento das famílias”, explicou.
Projeções para os próximos meses
O DIEESE estima que uma família de dois adultos e duas crianças precise de aproximadamente R$ 2.018,52 mensais para garantir apenas a alimentação, o que corresponde a 1,32 salários mínimos. Para isso, o trabalhador precisa dedicar cerca de 97 horas e 31 minutos de sua jornada mensal de 220 horas exclusivamente para custear a cesta.
Ainda assim, as expectativas são de que os preços sigam em queda. “As projeções para os próximos meses, em especial outubro e quem sabe novembro, indicam novos recuos. Estamos falando de uma oferta maior de produtos e de custos de produção mais estabilizados, o que traz reflexos positivos para o consumidor final”, destacou Everson Costa.
Acumulado do ano e variação em 12 meses
Mesmo com a sequência de reduções, o balanço parcial de janeiro a setembro de 2025 aponta alta acumulada de 1,05% no preço da cesta básica em Belém. Nesse período, o café foi o vilão, com aumento de 40,16%, seguido do tomate (18,23%) e do pão (5,33%). Já entre as maiores quedas estão arroz (-27,85%) e açúcar (-20,95%).
Na comparação com setembro de 2024, a cesta acumula alta de 3,87% em Belém. “A cesta básica ainda se mantém cara, mesmo com os recuos mais recentes. Se analisarmos os últimos 12 meses, percebemos que itens como o café ainda pesam bastante no orçamento, com aumento de mais de 40%. Isso mostra que, apesar das quedas seguidas, o cenário ainda exige cautela”, avaliou o supervisor técnico.
Pesquisa nacional
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada em parceria entre o DIEESE e a Conab, mostra que em setembro de 2025 houve queda no custo da cesta em 22 das 27 capitais pesquisadas. Belém aparece entre as cidades com maior redução (-2,10%), junto de Fortaleza (-6,31%), Palmas (-5,91%) e Rio Branco (-3,16%).
São Paulo continua liderando com o maior custo (R$ 842,26), seguida de Porto Alegre (R$ 811,44) e Florianópolis (R$ 811,07). Já os menores valores foram registrados em Aracaju (R$ 552,65), Maceió (R$ 593,17) e Salvador (R$ 601,74).
Na média nacional, em setembro o tempo necessário para a aquisição da cesta foi de 99 horas e 53 minutos, inferior ao registrado em agosto (101 horas e 31 minutos). O Dieese calcula ainda que o salário mínimo ideal para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.075,83, ou 4,66 vezes o valor atual.
Para Costa, o momento é de cautela. “É um alívio perceber esse movimento de queda, mas precisamos lembrar que a condição climática ainda é determinante para a oferta de produtos e para a estabilidade dos preços. O planejamento e a pesquisa continuam sendo fundamentais para que o trabalhador consiga equilibrar o orçamento e garantir uma mesa mais robusta para a família”, concluiu.