O recente aumento de casos de intoxicação por metanol no Brasil acendeu um alerta nacional de saúde pública e também pode se tornar tema de prova no Enem de 2025.
A substância, presente em bebidas alcoólicas adulteradas, já causou mortes e dezenas de internações, e seu uso indevido chama atenção não apenas por seus riscos à vida, mas também por envolver conceitos diretamente ligados à Química e à Biologia, parte da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
Entenda o panorama dos casos
De acordo com o Ministério da Saúde, até o dia 13 de outubro foram registradas 213 notificações de intoxicação por metanol no país. Destas, 32 foram confirmadas e 181 ainda estão em investigação. São Paulo lidera os casos confirmados, com 18 registros, seguido por Paraná (3) e Rio Grande do Sul (1). As ocorrências também resultaram em cinco mortes confirmadas em São Paulo; enquanto outros nove óbitos estão sob análise: um no Ceará, um em Minas Gerais, um em Mato Grosso do Sul, três em Pernambuco e três em São Paulo.
Para garantir o tratamento das vítimas, o Ministério da Saúde recebeu doação de mais de 11,5 mil ampolas de etanol farmacêutico, medicamento usado no combate à intoxicação por metanol. Desse total, 10,3 mil já começaram a ser distribuídas aos estados, reforçando o estoque das unidades de saúde. Essa doação soma-se às 4,3 mil unidades previamente fornecidas pelos hospitais universitários federais.
O perigo invisível do metanol
O metanol, também conhecido como álcool metílico, é um composto químico altamente tóxico, usado em processos industriais como produção de plásticos, solventes, combustíveis e tintas. É um tipo de álcool simples, incolor e volátil, com fórmula química CH3OH.
Diferente do etanol, presente nas bebidas alcoólicas comuns, o metanol não é seguro para consumo humano. Quando ingerido, inalado ou absorvido pela pele, o metanol pode causar náuseas, vômitos, dor abdominal, tontura, visão turva e até cegueira. Em casos graves, pode levar à morte. Na intoxicação grave, afeta principalmente o sistema nervoso central e os órgãos vitais.
O tratamento, quando feito rapidamente, inclui a administração de etanol farmacêutico ou fomepizol, que atuam bloqueando a metabolização da substância em compostos ainda mais tóxicos.
Como ele pode aparecer nas provas do Enem
O alerta sobre o metanol também chama a atenção de estudantes que se preparam para o Enem, já que é um assunto “quente”, de saúde pública e que pode ter casos em cidades do país inteiro.
O assunto pode aparecer tanto em questões de Ciências da Natureza, explorando conceitos de reações químicas, propriedades dos álcoois e toxicidade, quanto em Ciências Humanas, em discussões sobre saúde pública e políticas de prevenção.
Além disso, na redação, o tema pode ser abordado de forma transversal, relacionado a saúde, o consumo consciente, os impactos sociais do uso de substâncias químicas e a responsabilidade coletiva na proteção à saúde.
Exemplo
Provas anteriores já trouxeram o metanol em diferentes contextos. No Enem de 2012, por exemplo, a substância foi citada na questão sobre produção de biodiesel.
Enem (2012)
Um dos métodos de produção de biodiesel envolve a transesterificação do óleo de soja utilizando metanol em meio básico (NaOH ou KOH), que precisa ser realizada na ausência de água. A figura mostra o esquema reacional da produção de biodiesel, em que R representa as diferentes cadeias hidrocarbônicas dos ésteres de ácidos graxos.
A ausência de água no meio reacional se faz necessária para:
A) manter o meio reacional no estado sólido.
B) manter a elevada concentração do meio reacional.
C) manter constante o volume de óleo no meio reacional.
D) evitar a diminuição da temperatura da mistura reacional.
E) evitar a hidrólise dos ésteres no meio reacional e a formação de sabão.
Resposta:
Alternativa correta: E
Editado por Luiz Octávio Lucas