A necessidade de falar da maternidade e as invisibilidades que atravessam esse processo inspirou o novo trabalho de Camila Honda. A cantora, ilustradora e arte-educadora prevê para fevereiro o lançamento do álbum completo “Onde Nasce a Água”. A partir dele, o encontro “Diálogos sobre Arte e Maternidade” também busca colocar luz sobre este tema.
O evento ocorre nesta sexta-feira, 31, às 17h, na Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA). Além de Camila Honda, conta também com a presença da fotógrafa, doula e arte-educadora Débora Flor. Também da atriz, arte-educadora, artista visual e artesã Julianne Stael. Ainda da encenadora, atriz e palhaça Andréa Flores.
Debate integra projeto “Onde Nasce a Água”
O encontro é a contrapartida do projeto do álbum “Onde Nasce a Água”. O trabalho foi viabilizado pela Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult). O álbum já teve um single e videoclipe lançados, e foi gravado ao longo do puerpério de Camila, depois que sua filha Haru nasceu.
Mas também está dentro do projeto de extensão Lab Guma, que pesquisa a relação corpo-voz, sob direção do professor Thales Branche (ETDUFPA). As três artistas trocam experiências com o público em forma de uma mesa-redonda.
Camila Honda, Débora Flor e Andréa Flores dividem diferentes experiências
Um ponto em comum entre elas é que todas são mães. Entretanto, possuem suas diversidades quanto à estrutura familiar e suas linguagens artísticas.
“A gente também vai abordar o nosso trabalho artístico, os nossos processos dentro dessa temática de arte e maternidade. Além disso, vamos falar sobre mercado de trabalho. A ideia é trocar, compartilhar e enriquecer o diálogo”, diz Camila Honda.
“O objetivo é tornar visíveis muitas questões que ficam invisíveis no contexto da maternagem. Isto é, no âmbito da nossa vida cotidiana, nas nossas relações de trabalho, nas demandas do dia a dia”, completa a cantora.
De acordo com Camila, a maternidade e seus temas, desde a gestação, incluindo o puerpério e a amamentação, acabam ficando muito silenciados no contexto da vida doméstica.
“O trabalho doméstico também é silenciado dentro dessa dinâmica da nossa sociedade e das nossas relações capitalistas, patriarcais, que foi uma herança cultural do colonialismo. Então, além do protagonismo feminino, tem muitas questões que envolvem esse lugar da mulher e da maternidade num contexto mais amplo, que interferem em todos os âmbitos das nossas vidas, por exemplo, quando o bebê adoece, quem vai ficar com a criança? Como é que a pessoa vai fazer uma prova ou como a gente vai fazer um show se esse bebê está com febre?”, indaga a cantora.
“Sociedade está preparada para nos amparar?”
Tudo isso atravessa o mercado de trabalho, avalia Camila Honda. Por exemplo, a experiência da maternagem da cantora também atravessa seu trabalho plástico. Camila é ainda ilustradora e também arte-educadora, realizando, principalmente, oficinas para crianças.
“Nesse sentido, como está a sociedade para nos amparar? Será que a sociedade está preparada para receber? Cuidar desse momento tão necessário e fundamental à vida humana, que é gerar e cuidar dessa primeira fase dos novos seres? Sobre todas as questões tão frágeis e tão vulneráveis, a gente vai conversar. Tudo isso tratando dessa realidade que é a vulnerabilidade materna, ou seja, isto que é o ponto principal”, pontua a artista.
Participe!
Diálogos sobre Arte e Maternidade
Com Camila Honda, Débora Flor e Andréa Flores
Quando: 31/01 (sexta-feira), das 17 às 19h.
Onde: Escola de Teatro e Dança da UFPA – ETDUFPA (Tv. Dom Romualdo de Seixas, 820 – Umarizal)
Quanto: Gratuito
Assista ao clipe de “Onde Nasce a Água”