Aline Rodrigues
Celebrar a resistência indígena na América Latina, lançar o Conselho Warao Ojiduna – organização que está sendo fundada para representar e fortalecer politicamente os indígenas da etnia Warao, que vivem em Belém e em Ananindeua -, e mostrar a cultura para a sociedade como um todo, são os objetivos do I Encontro de Cultura Warao, que acontece até amanhã, 12, na Usina da Paz do Benguí.
“Toda terra é indígena, podemos ficar onde a gente quiser. Nossa cultura é sagrada, somos indígenas culturais, nossa dança, fala e crenças, tudo entra na nossa cultura. Queremos mostrar isso para a sociedade, para que toda a população conheça mais sobre nós”, falou Jhonny Rivas, liderança da comunidade Warao A Janoko.
O primeiro dia do evento, ontem, 10, foi dedicado aos esportes praticados pelos indígenas: futebol, voleibol, natação, ralar macaxeira, cabo de guerra e arco e flecha. E oito comunidades Warao disputam entre si as partidas, retomando as tradicionais práticas de esportes nos encontros culturais.
Apresentação de danças e cantos tradicionais, contação de histórias dos mais velhos e uma assembleia geral, também ocorrem hoje, segundo dia de atividades. A programação começa às 9h, com apresentação de dança e canto Warao. E segue, às 10h, com apresentação do Conselho Warao Ojiduna.
Após uma pausa para o almoço, às 14h, a programação retoma com contação de histórias; e, às 15h, começa uma assembleia geral, que deve contar com a participação de outras lideranças indígenas, organizações da sociedade civil, instituições públicas e órgãos de governo também devem participar desse segundo dia do evento.
“Vamos avançar, cantar e vamos mostrar a nossa cultura, crença, nossos curandeiros, é importante que a comunidade conheça a nossa cultura e hábitos. Além disso, precisamos ouvir nossas lideranças”, disse Jhonny.
ORIGENS
Os Warao são um povo indígena oriundo da região do Delta do Orinoco, na Venezuela, que iniciaram um processo de migração forçada massiva para os estados da Amazônia brasileira, além de outras regiões do Brasil e outros países da América do Sul, por conta crise social que atravessa seu país de origem.
Nessa condição, foram acolhidos no país, reconhecidos como refugiados. Atualmente, cerca de 700 pessoas desse povo vivem em Belém e Ananindeua, distribuídos em um abrigo público municipal, terrenos ocupados e casas alugadas onde se organizam de forma autogestionada.
Além de enfrentar a vulnerabilidade socioeconômica, a dificuldade de acesso a direitos básicos, o racismo e a xenofobia, os Warao que vivem no Brasil também lutam para preservar sua cultura indígena tradicional e compartilhar com seus filhos, que já nascem em território brasileiro.
O Conselho Warao Ojiduna foi criado após uma assembleia entre esses indígenas de Belém e Ananindeua e tem como objetivo ser um espaço que os ajude a se organizarem para terem garantidos seus direitos como indígenas e como refugiados.