Carol Menezes
ASecretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) está investigando um caso de paralisia flácida aguda que pode estar relacionada à vacinação inadequada e incompleta contra a poliomielite em uma criança de três anos, de Santo Antônio do Tauá, nordeste paraense. A pasta afirma que não há registro de circulação do vírus causador da doença no Pará.
O Ministério da Saúde divulgou nota reforçando que não há registro de circulação viral da poliomielite no Brasil e que uma equipe foi enviada ao Pará para investigar o caso. O governo federal vem sofrendo inúmeras críticas pelo baixo engajamento da população na campanha pela imunização contra a polio, que já chegou a ser de 95%, e hoje não alcança os 60%.
No Pará, a campanha pela vacinação vai até o fim deste mês, apesar de a campanha nacional ter sido encerrada em 30 de setembro, mesmo com os baixos índices de adesão registrados. A Prefeitura de Belém também segue com a campanha, e ontem mesmo realizou reunião de trabalho para traçar um plano de ação e o fluxo de atendimento na prevenção e controle da poliomielite na capital.
Entenda o caso – Na tarde de ontem, 6, um documento de comunicação de risco emitido pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Pará (Cievs/PA), unidade componente da Rede Nacional de Monitoramento e Respostas às Emergências em Saúde Pública, circulou pelas redes sociais informando “detecção do vírus da poliomielite (SABIN LIKE 3) no estado do Pará” no dia 5, quarta-feira.
Também o Instituto Evandro Chagas (IEC) confirmou na quinta-feira que recebeu da Sespa amostra de fezes de uma criança de três anos para pesquisa de Poliovírus, cuja testagem resultou positivo no dia 4. Ainda segundo a Secretaria de Saúde outros diagnósticos seguem em investigação e a criança recebe toda a assistência.
No fim da noite de ontem, o IEC emitiu novo comunicado confirmando que não se trata de poliomielite, mas de um caso atribuído à Vacina Oral Poliomielite (VOP).
Na caderneta de vacinação da criança não consta registro de vacina inativada poliomielite (VIP), que deve ser administrada anteriormente à VOP. “Em geral, a VOP é bem tolerada, e muito raramente está associada a algum evento adverso grave. Destaca-se que o risco de paralisia flácida aguda com a VOP é muito raro e que quando a VOP é aplicada como reforço após o esquema básico com a vacina VIP esse risco é praticamente nulo”, detalha a nota do Instituto.
ESTRATÉGIAS
IEC, Sespa, Organização Pan-Americana da Saúde e técnicos do Ministério da Saúde se reuniram ontem mesmo para discussão e elaboração de estratégias de fortalecimento das coberturas vacinais no estado e acompanhamento da criança.
A paralisia flácida aguda (PFA) é uma síndrome clínica que em alguns casos traz sintomas como fraqueza nas pernas e dificuldade motora. A criança foi atendida ambulatorialmente, não chegou a ser internada, evoluindo bem com recuperação da força muscular e permanece com discreta claudicação (dor nas pernas por pouco fluxo de sangue) na parte de baixo da perna esquerda.
Como se trata de uma suspeita relacionada a vacinação incompleta – a criança teria apenas duas doses administradas -, a Sespa ressalta que o caso não altera o cenário epidemiológico anterior e o Brasil segue com a certificação de erradicação da doença e destaca a importância de manter o calendário vacinal atualizado para a proteção contra a doença.
O Programa Nacional de Imunização (PNI) recomenda que a vacina inativada, em forma de injeção, deve ser aplicada aos dois, quatro e ses meses de idade do bebê. A vacina via oral (em gotinhas), que serve como reforço, deve ser dada entre os 15 e 18 meses e novamente aos cinco anos de idade.