Um vídeo exibido pelo Jornal da Globo e pela GloboNews na noite desta segunda-feira (2) flagrou um policial militar de São Paulo jogando um homem do alto de uma ponte no bairro Cidade Ademar, na zona sul da capital.
As imagens, que teriam sido registradas na madrugada, mostram um policial levantando uma moto do chão. Em seguida, outros dois PMs se aproximam, enquanto o primeiro encosta o veículo perto da ponte. Um quarto policial chega logo depois, segurando um homem que vestia uma camiseta azul. Esse homem é arremessado pelo PM. Segundo a PM, o homem está vivo e ainda não foi identificado.
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) repudiou a conduta ilegal dos policiais e abriu um inquérito policial militar para investigar o ocorrido. Segundo a pasta, 13 policiais foram afastados de suas funções e cumprirão expediente na Corregedoria da Polícia Militar.
Ao Jornal da Globo, o ouvidor das polícias, Cláudio Aparecido da Silva, havia dito que pediria o afastamento de todos os policiais envolvidos no caso.
“A gente acredita que tem uma sensação por parte da tropa de que isso vai ficar impune”, afirmou. Ele defende a volta do controle da PM para que ela possa proporcionar sensação de segurança à população.
O homem teria sido arremessado depois de uma perseguição policial. Os agentes envolvidos são do 24º Batalhão da Polícia Militar, em Diadema.
Na manhã destas terça (3), o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, postou em suas redes sociais mensagem repudiando os casos recentes de violência policial.
O procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, afirmou nesta terça que determinará que o Gaesp (Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública) una-se ao promotor do caso para que a Promotoria “envide todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito longe de tranquilizar a população.”
“Estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis! Não há outra forma de classificar as imagens do momento no qual um policial militar atira um homem do alto de uma ponte, nesta segunda-feira. Pelo registro divulgado pela imprensa, fica evidente que o suspeito já estava dominado pelos agentes de segurança, que tinham o dever funcional de conduzi-lo, intacto, a um distrito policial para que a ocorrência fosse lavrada. Somente dentro dos limites da lei se faz segurança pública, nunca fora deles”, diz trecho de nota da Promotoria.
- OUTROS CASOS
No dia 3 de novembro, Gabriel Renal da Silva Soares, um homem negro de 26 anos, foi morto a tiros pelas costas disparados por um militar de folga em frente a um mercado no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo.
Imagens de câmeras de segurança mostram toda a ação.
O jovem era sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, que denunciou o caso nas redes sociais. - “Com as imagens da loja, está provado que meu sobrinho Gabriel foi covardemente executado. Não houve abordagem ou voz de prisão”, disse. “Não será mais um número estatístico”.
- Procurada, a SSP disse em nota que o PM está afastado das atividades operacionais. “O caso segue sob investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As imagens mencionadas foram captadas, juntadas aos autos e estão sendo analisadas para auxiliar na apuração dos fatos”.
Na madrugada do dia 20 de novembro, o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22, foi morto com um tiro disparado por um PM dentro de um hotel na Vila Mariana, também na zona sul. - “Eu peço que seja feita a Justiça, que os responsáveis tenham a condenação que mereçam ter. Meu irmão era a nossa alegria. Era a alegria da minha casa. Sem ele nossa alegria foi embora. Nosso sorriso foi embora. A gente vai conviver a vida inteira com um buraco no coração”, disse o cirurgião Frank Cardenas, irmão de Acosta.
Segundo a SSP, o policial foi indiciado sob suspeita de homicídio doloso e afastado do serviço operacional. “A Polícia Militar atua com rigor e não tolera desvios de conduta dos seus agentes. Todas as circunstâncias do fato são apuradas e as devidas punições serão aplicadas.” - Também em novembro, um menino de 4 anos morreu após ser atingido por um disparo no Morro de São Bento, em Santos, litoral paulista. Segundo a versão oficial do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), a Polícia Militar fazia uma operação na comunidade e teria ocorrido um confronto com criminosos.
Ryan da Silva Andrade Santos brincava na rua com outras crianças quando foi atingido na região do abdômen. Ele foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O pai da criança morreu em confronto com a PM em uma outra operação, em fevereiro deste ano. - Em outubro, a Polícia Militar afastou um dos policiais investigados por se envolver em uma sequência de agressões a pessoas que estavam em uma sala de velório em Bauru, a cerca de 330 km de São Paulo. A cerimônia era uma despedida de familiares a dois jovens, mortos supostamente em confrontos com PMs, um dia antes.