FABIO SERAPIÃO E RANIER BRAGON
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, passará a noite em uma cela da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, local que já abrigou políticos de peso envolvidos em escândalo no passado –entre outros, o senador Delcídio do Amaral (MS), o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda e o então juiz João Carlos Rocha Mattos.
Valdemar foi preso nesta quinta-feira (8) por posse ilegal de arma de fogo.
A arma foi localizada pela Polícia Federal durante a ação de busca e apreensão autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, ocasião em que também foi encontrada uma pepita de ouro.
A PF afirma que Valdemar participou da suposta trama para aplicar o golpe de estado no país e manter Jair Bolsonaro no poder.
As buscas ocorreram em seu endereço pessoal e também na sede do PL. Não havia ordem de prisão contra ele -o político foi detido em flagrante devido à arma.
Valdemar vai passar nesta sexta (9) por audiência de custódia, ocasião em que pode ser liberado.
Em nota, o advogado de Valdemar, Marcelo Bessa, disse que não houve fato relevante para a prisão, que “a pedra apreendida tem baixo valor e não configura delito” e que a arma é registrada e pertence a um parente próximo, tendo sido esquecida na casa do dirigente partidário.
O presidente do PL já havia passado uma temporada na cadeia anteriormente.
Ele foi preso em 2013 devido à condenação a sete anos e dois meses no caso do mensalão. Em 2016, o STF perdoou sua pena após cumprimento de um quarto do período de detenção.
A superintendência da PF funciona normalmente como um local de passagem até que se defina a situação do detento, se ele continuará preso e seguirá para uma penitenciária ou se será solto.
Em 2004 o então juiz João Carlos Rocha Mattos passou uma temporada no local, após ser transferido de São Paulo para Brasília. Ele era apontado como o “mentor” de um esquema de venda de sentenças judiciais.
Em 2010 foi a vez do então governador José Roberto Arruda, que havia sido afastado de suas funções na esteira da Operação Caixa de Pandora, que apurou formação de caixa dois para a campanha eleitoral, além de coleta e distribuição de propina para o governador e aliados. Foi a primeira vez desde a redemocratização que um governador no exercício do cargo era preso por crimes de corrupção.
Arruda seria preso novamente sete anos depois, por suspeita de participação em superfaturamento das obras do Estádio Mané Garrincha.
Cinco anos depois, foi a vez de Delcídio do Amaral, então líder do governo Dilma Rousseff (PT) no Senado. Ele ficou nesta carceragem um período após o STF determinar sua prisão sob a acusação de obstruir as investigações da Operação Lava Jato.