Um dado alarmante mostra o tamanho do desafio do Brasil diante da crise do clima: 34% dos brasileiros não sabem o que são as mudanças climáticas. A informação é do Datafolha em parceria com a Tereos e escancara a distância entre a emergência ambiental e o cotidiano da população.
E a situação é ainda mais crítica quando se trata da própria COP30, a Conferência das Partes da ONU, que terá sua 30ª edição realizada em Belém em novembro. De acordo com outra pesquisa, do Ideia Instituto de Pesquisa com o LaClima, 71% da população brasileira desconhece o que é o evento sobre mudanças climáticas, considerado o principal fórum internacional sobre o tema.
Para o Pulitzer Center, organização que atua com jornalismo e educação ambiental, essa desconexão está diretamente ligada à ausência de comunicação acessível, educação de qualidade e narrativas que partam dos territórios. “As mudanças climáticas continuam sendo tratadas como um assunto técnico ou distante. Mas já afetam a vida de milhões de pessoas diariamente”, afirma Maria Darrigo, gerente do programa latino-americano do Pulitzer.
Falta de informação trava o debate
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Um estudo recente da própria organização, chamado Making Waves, revela que quase 90% dos jornalistas entrevistados consideram a cobertura sobre meio ambiente insuficiente, especialmente quando se trata de incluir vozes de povos indígenas, comunidades costeiras e outros grupos diretamente afetados. Temas como mineração em alto-mar, conflitos por terra e impactos sociais das políticas de conservação são raramente explorados.
O Pulitzer alerta que, sem um esforço coordenado para ampliar o acesso à informação e estimular o engajamento social, qualquer tentativa de enfrentar a crise climática corre o risco de ficar restrita a discursos institucionais.
COP30 e o Brasil
A realização da COP30 em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro, representa uma chance inédita de reposicionar o Brasil no centro das decisões globais sobre clima — mas só será significativa se envolver a população.
“A COP precisa ser mais do que uma cúpula diplomática. Ela pode ser o ponto de virada para mostrar que as soluções estão nos territórios. Mas isso só será possível se o acesso à informação for ampliado e se os saberes locais forem reconhecidos como parte central da resposta à crise”, defende Gustavo Faleiros, diretor de investigações ambientais do Pulitzer Center.
