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Sob aplausos, Blumenau enterra crianças vítimas de ataque em creche

Sepultamento das crianças mortas no ataque em creche foi marcado por forte comoção e orações

FOTO: Bruno Santos/Folhapress
Sepultamento das crianças mortas no ataque em creche foi marcado por forte comoção e orações FOTO: Bruno Santos/Folhapress

Catarina Scortecci/Folhapress

Os corpos das quatro crianças mortas por um homem de 25 anos na creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau (SC), foram enterrados nesta quinta-feira (6) sob forte comoção, além de orações e aplausos.

Bernardo Cunha Machado, 5, Bernardo Pabst da Cunha, 5, e Larissa Maia Toldo, 7, foram sepultados no Cemitério São José. Já o enterro de Enzo Marchezin Barbosa, 4, ocorreu no cemitério Salto Norte.

Desde o início da noite de quarta-feira (5), a despedida das vítimas gerou uma vigília na porta da escola e reuniu familiares e moradores da cidade no velório. O primeiro a ser enterrado foi Bernardo Cunha Machado, filho de uma servidora pública e de um militar da Marinha.

Bernardo Pabst da Cunha foi enterrado logo depois, no final da manhã. O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt (Podemos), e o bispo diocesano Rafael Bienarski chegaram ao Cemitério São José por volta das 7h30.

Nesta quinta, as famílias preferiram não falar com a imprensa. Todas as quatro crianças eram filhos únicos dos casais.

Os quatro corpos começaram a ser velados por volta das 22h de quarta.

Outras quatro crianças que ficaram feridas com o ataque na creche deixaram o Hospital Santo Antônio e já estão em casa.

“Todas as crianças passaram por exames e avaliação médica. A equipe médica constatou que um dos pacientes apresenta uma lesão na mandíbula, que será tratada ambulatorialmente”, informa a nota do hospital.

“O sentimento de todos os colaboradores é de missão cumprida no atendimento e acolhimento às crianças e seus familiares”, de acordo com o comunicado.

Também nesta quinta, o autor do ataque teve a prisão em flagrante convertida em preventiva (sem, prazo) pela Justiça, após manifestações do Ministério Público e da Defensoria Pública -até aqui, responsável pela defesa dele.

Conforme a decisão, a prisão se justifica pela “manutenção da ordem pública e da reta aplicação da lei penal”. Por envolver crianças nos autos, cuja identidade é protegida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, o processo tramitará sob sigilo na 2ª Vara Criminal da Comarca de Blumenau.

O ataque ocorreu na manhã de quarta. Segundo as investigações, o assassino chegou à escola em uma moto, pulou o muro e escolheu as vítimas aleatoriamente. Ao perceber que as professoras correram para proteger as demais crianças, ele tentou fugir pulando novamente o muro. Em seguida, se entregou.

O autor não tem aparentemente nenhuma ligação com a creche, conforme a apuração.

MOTIVAÇÃO

A motivação para o ataque ainda é investigada, mas, para a polícia, trata-se de um “caso isolado”, não conectado a outros atentados. “Entrevistas prévias [da polícia com o suspeito] indicam que é um fato isolado. Não tem relação com outros fatos e não está relacionado com coordenação ou jogos envolvendo outros criminosos”, disse o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, em entrevista coletiva após a prisão.

A escolha do local para o ataque não seguiu um critério lógico, ainda segundo a apuração inicial. “Foi aleatório, ele estaria numa academia ali nas proximidades e depois achou por bem escolher essa escola como alvo”, disse Ronnie Esteves, delegado da Divisão de Investigação Criminal de Blumenau.

O criminoso responderá por quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas. A polícia solicitou à Justiça quebras de sigilo telefônico e telemático (de dados que circulam via internet) do homem.