
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) apresentou no dia 8 de outubro, em Brasília, a programação oficial da Casa do Seguro (a Pré- COP30 Casa do Seguro). O espaço funcionará como a embaixada do setor segurador brasileiro durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025.
A iniciativa faz parte da agenda preparatória para a conferência e tem como objetivo principal apresentar as propostas, ações e compromissos do setor de seguros frente aos desafios climáticos. A programação oficial inclui debates, painéis e fóruns voltados à inovação, inteligência climática, finanças sustentáveis e soluções de adaptação e mitigação.
A abertura do evento foi conduzida por Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, que destacou a importância histórica da inserção do setor na agenda climática global e a inédita presença estruturada do seguro na programação oficial da COP30:
“O tema da sustentabilidade, das mudanças climáticas e da construção de um mundo mais resiliente está cada vez mais presente no dia a dia — nas decisões das empresas, nas escolhas dos consumidores, nas prioridades das famílias e nas análises dos investidores. O setor de seguros não pode e não deve se ausentar desse debate. Ao contrário, tem papel central na proteção da economia e na construção de soluções para os riscos crescentes que estamos enfrentando”, afirmou Oliveira.
Ele acrescentou que, pela primeira vez, o setor terá uma agenda própria e transversal dentro da COP, com a missão de apresentar propostas concretas:
“A Casa do Seguro será mais que um espaço institucional. Será um ponto de convergência de ideias, soluções e parcerias, com programação intensa e colaborativa. Acreditamos que a COP30, em Belém, será um divisor de águas para o reconhecimento do papel do setor segurador na agenda climática global. Esta não será a COP do discurso. Será a COP da ação, e o seguro estará pronto para contribuir.”
Entre os presentes no lançamento estavam representantes do governo federal, parlamentares, lideranças empresariais e especialistas do setor financeiro e ambiental. Destacaram-se as participações de Tatiana Rosito (secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda), Maria Netto (CEO do Instituto Clima e Sociedade – iCS), Venilton Tadini (presidente-executivo da ABDIB), Amaury Oliva (Febraban), Júlia Normande Lins (Susep), Cacá Takahashi, diretor da Anbima, entre outros.
O ponto alto da cerimônia foi a presença do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da Comissão Nacional da COP30, que exaltou o protagonismo da CNseg e a importância da Casa do Seguro:
“Gostaria de parabenizar a CNseg pela iniciativa da Casa do Seguro. Acredito que será um espaço de enorme relevância durante a COP30, provavelmente a primeira COP em que há um comprometimento tão claro e estruturado do setor de seguros com a agenda climática”, afirmou o embaixador.
Corrêa do Lago destacou que, diante das mudanças climáticas, o setor segurador está sendo forçado a se reinventar: “historicamente visto como um setor conservador, baseado em estatísticas do passado, o seguro agora enfrenta o desafio de lidar com eventos climáticos extremos, crescentes e imprevisíveis. Isso exige novas abordagens e tecnologias. A inteligência artificial será uma ferramenta decisiva para análise preditiva e modelagem de riscos”.
Para ele, o papel do setor é estratégico para o futuro da economia brasileira:
“Precisamos garantir que os eventos extremos não agravem ainda mais a vulnerabilidade social e econômica do país. O setor de seguros pode, e deve, ser um pilar de estabilidade, ajudando a manter a atratividade do Brasil como destino de investimentos. O mundo precisa ver que estamos preparados e comprometidos com soluções”
O embaixador também explicou a diferença entre os papéis de negociação e implementação dentro da COP, reforçando a necessidade da presença ativa do setor privado:
“Quem implementa as decisões da COP não são apenas os governos. São as empresas, os estados, os municípios, a sociedade civil. O setor de seguros, ao marcar presença, assume papel de liderança na fase mais crítica: a da ação concreta. Por isso, fico feliz em ver o Brasil se colocando na vanguarda dessa discussão.”
Programação e parceiros da Casa do Seguro
Com uma programação extensa ao longo de todo o evento, a Casa do Seguro reunirá painéis organizados pelas seguradoras apoiadoras da iniciativa, chamadas de Empoderadoras. Com foco em boas práticas de inovação, gestão de riscos e experiências internacionais no enfrentamento das mudanças climáticas.
Durante as tardes, a agenda ganha um caráter mais colaborativo, com fóruns e seminários realizados em parceria com entidades como a Febraban, Anbima, iCS, Anfavea, Sistema OCB e UNEP FI, entre outras. O objetivo é evidenciar o papel do setor segurador como agente fundamental para a resiliência climática, o financiamento da transição ecológica e a proteção da sociedade diante de eventos extremos.

“O compromisso com o desenvolvimento de Soluções Baseadas na Natureza (SbN), por exemplo, é uma inovação importante da nossa agenda. Trata-se de um tema novo, mas com enorme potencial. Temos plena confiança de que a COP30 será um marco para nossa atuação, tanto nas negociações quanto, principalmente, na implementação das propostas que vamos apresentar”, completou Dyogo Oliveira.
Participação oficial nos Pavilhões da COP30
Além da programação independente na Casa do Seguro, a CNseg também participará de três painéis oficiais da COP30, aprovados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), nos Pavilhões Brasil, localizados nas Zonas Azul e Verde da conferência. Os temas dos painéis abordarão o papel do setor segurador na mitigação e adaptação climática, finanças sustentáveis e riscos climáticos no Brasil.
Estrutura e eixos temáticos da Casa do Seguro
Localizada próxima ao espaço oficial da COP30, a Casa do Seguro contará com uma área útil de 1,6 mil m². O espaço terá plenária com capacidade para 100 pessoas, salas de reunião, lounges de negócios, estúdio para podcasts, sala de imprensa, espaço de convivência e área para exposições culturais e artísticas. Todo o projeto segue princípios de sustentabilidade, com foco em neutralidade de carbono, uso eficiente de recursos e geração mínima de resíduos.
O espaço foi desenvolvido com o apoio das empresas Allianz, AXA, BB Seguros, Bradesco Seguros, MAPFRE, Marsh McLennan, Porto, Prudential e Tokio Marine.
A programação terá como principais eixos:
- Proteção social e dos investimentos
- Finanças sustentáveis
- Infraestrutura resiliente
- Inteligência climática
- Seguros e agronegócio
- Descarbonização da frota brasileira
- Apoio ao desenvolvimento industrial sustentável