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Rio Grande do Sul tem 21 mortes devido a ciclone

Vale do Taquari foi uma das regiões mais atingidas pelos temporais - Foto: Maurício Tonetto/Secom
Vale do Taquari foi uma das regiões mais atingidas pelos temporais - Foto: Maurício Tonetto/Secom

CAUE FONSECA, CRISTINA CAMARGO E CATARINA SCORTECCI

PORTO ALEGRE, RS, SÃO PAULO, SP E CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – A forte chuva que atinge o Rio Grande do Sul, causada pela formação de um ciclone extratropical sobre o Atlântico, já causou 21 mortes desde segunda (4) no estado. Há também o registro de uma morte em Santa Catarina, em que um homem morreu quando seu carro foi atingido por uma árvore no município de Jupiá, durante um temporal com rajadas de vento na segunda.

De acordo com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), 15 corpos foram encontrados nesta terça (5) no município de Muçum, no Vale do Taquari. A região, formada por 40 municípios na porção central do estado, foi inundada pela cheia do rio Taquari e é a área mais afetada no estado.

“Os rios subiram de uma forma surpreendente. Nunca vimos algo assim”, disse Leite durante visita nesta terça a Lajeado, na mesma região.

Segundo a Defesa Civil, os mortos em Muçum eram todos moradores de uma mesma localidade, cujo nome não foi divulgado. Os quatro acessos terrestres ao município estão bloqueados.

Até as 18h desta terça, o órgão contabilizava 16 desaparecidos em Muçum, mas alertou que a comunicação está prejudicada e que esse número pode mudar. Cinco aeronaves participam dos resgates no Vale do Taquari.

Conforme balanço divulgado pela Defesa Civil do estado no final da tarde de terça, há no estado 1.650 desabrigados, 2.984 desalojados, 309 residências destelhadas e 3 casas destruídas. São 66 municípios afetados, somando uma população de 2,7 milhões de pessoas. As regiões mais afetadas estão entre o centro e a metade norte do Rio Grande do Sul, onde ficam os vales.

Segundo Leite, uma senhora morreu nesta terça quando era resgatada em Lajeado por uma equipe de socorristas, com a ajuda de um helicóptero. O cabo se rompeu, e ela caiu no rio Taquari.

“Um dos nossos socorristas, policial da nossa Brigada Militar, resgatava uma senhora sobre o rio Taquari [em Lajeado] e, perto de chegar na aeronave, o cabo se rompeu. Os dois caíram no rio. Esta senhora perdeu a vida. O policial conseguiu ser socorrido e encaminhado para o hospital, com ferimentos, mas sem risco de vida”, disse o governador. “Infelizmente, em um destes esforços de resgate, aconteceu o incidente. Lamentamos profundamente.”

Na manhã desta terça, cidades do Vale do Taquari já estavam debaixo d’água, e famílias tiveram que subir nos telhados para escapar da inundação.

Em Roca Sales, uma mulher e um bebê foram resgatados içados por um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal.

Em comunicado disparado na noite de segunda, a Prefeitura de Roca Sales disse que o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil enfrentavam dificuldades para resgatar ilhados.

“Pedimos que quem consiga suba nos telhados e se agasalhe. O auxílio profissional só virá nas primeiras horas da manhã”, dizia o texto.

Ainda no Vale do Taquari, seis pessoas de uma mesma família foram resgatadas de helicóptero pelo telhado da residência, que fica na zona rural do município de Arroio do Meio. A casa foi completamente invadida pela água.

Em Encantado (RS), a Defesa Civil fez um apelo para a mobilização de proprietários de barcos e jet-skis para a retirada de pessoas ilhadas. Também foram feitos pedidos de doação de colchões, cobertores, travesseiros e roupas.

A formação do ciclone extratropical sobre o litoral sul provoca chuva forte desde o final de semana no Rio Grande do Sul.

Uma missão do governo federal será enviada para o estado. Os ministros Paulo Pimenta (Secom) e Waldez Goes (Integração Nacional) vão embarcar nesta quarta (6), onde se reunirão com o governador Eduardo Leite e com prefeitos.

Waldez disse que o governo já está colaborando com equipamentos e que está em contato com Leite desde sexta-feira. À Folha de S.Paulo ele contou que há orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atender a tudo que for solicitado, conforme os planos apresentados. A ideia é que os municípios elaborem planos de ajuda humanitária, restabelecimento e reconstrução, a serem enviados ao governo federal para a liberação de recursos e demais auxílios.

Em Santa Catarina, temporais provocaram a morte de um homem no município de Jupiá. Ele morreu quando o carro em que estava foi atingido por uma árvore na tarde de segunda, dia marcado por chuvas intensas e volumosas e rajadas de vento que alcançaram os 122 km/h na serra.

Na terça, a Defesa Civil confirmou a ocorrência de um tornado na noite de domingo (3) no município de Santa Cecília (SC), na região central do estado. O fenômeno ocorreu por volta das 23h na comunidade de Anta Morta.

Em nota, o órgão afirmou que uma “tempestade ganhou intensidade e adquiriu características supercelulares”. “Por meio da análise combinada das imagens de radar e de fotos e vídeos do local atingido, a Defesa Civil de Santa Catarina confirma a ocorrência de um tornado”, diz o texto.

Ao longo do dia foram registradas ocorrências associadas a destelhamentos e cortes de energia elétrica, além de alagamentos, enxurradas e deslizamentos pontuais. O Corpo de Bombeiros do estado precisou prestar atendimento em cidades como São Joaquim, Içara e Anita Garibaldi.

O vendaval também causou danos em 13 cidades do Paraná, afetando um total de 274 pessoas, de acordo com a Defesa Civil. No município de Santa Helena, por exemplo, os fortes ventos causaram danos cerca de 60 casas.

MORTES
No Rio Grande do Sul, quatro pessoas morreram na segunda-feira. Em Mato Castelhano, Cristiano Schuslei, 41, tentou sair do seu veículo em que estava e foi levado pela correnteza. Em Passo Fundo (RS), morreu Neri Roberto Gonçalves da Silva, 67, atingido por uma descarga elétrica no terreno de casa. Ele era eletricista aposentado da RGE, uma das concessionárias de energia do estado.

Em Ibiraiaras, um casal -Delve Franscecatto, 50, e Ironi de Fátima Francescatto, 44- foi arrastado pela enxurrada ao tentar atravessar uma ponte de carro.

A quinta morte no RS ocorreu nesta terça em Estrela, no Vale do Taquari. Moacir Engster, 58, foi atingido por uma descarga elétrica quando ajudava um vizinho a retirar os móveis de casa alagada. A sexta morte foi a da senhora de Lajeado.

Por volta das 16h, em entrevista coletiva na região do Vale do Taquari, o governador Eduardo Leite deu a informação de que o número de mortos já chegava a 21 no Rio Grande do Sul.