João Gabriel e Juliana Braga/Folhapress
Após perder a queda de braço pela licença de petróleo da Foz do Amazonas, o líder do governo Lula no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues, se desfiliou da Rede, partido da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A desfiliação acontece menos de 24 horas após o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), subordinado à pasta de Marina, negar à Petrobras a autorização para perfuração do solo na bacia amazônica.
Randolfe, ao lado do presidente da petroleira, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, era um dos defensores do empreendimento.
Em nota sobre a desfiliação, o senador afirmou que a Rede “esteve ao lado dos brasileiros lutando contra o fascismo, e cumpriu um papel histórico com amor, coragem e dedicação”. “Me honrará para sempre ter sido parte desta jornada épica”, completou.
Randolfe também agradeceu “o companheirismo e o convívio” no período em que esteve na legenda. “Em especial levo para toda a vida exemplos de lealdade ao povo, como o da companheira Heloísa Helena, que ontem, hoje e sempre me inspirará”, afirmou o parlamentar.
Neste ano, a disputa entre Randolfe e Marina também ficou escancarada na disputa pela presidência do partido –nesse caso, o grupo do senador saiu vitorioso na chapa com Heloísa Helena, com 58% dos votos, uma margem apertada.
A ministra do Meio Ambiente endossava a outra chapa, num grupo com a presidente da Funai, Joenia Wapichana (Rede-RR), e com Túlio Gadelha (Rede-PE).
ESCLARECIMENTO
O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Agostinho, afirmou ao Painel que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), não teve nenhuma ingerência sobre sua decisão de negar estudos exploratórios para a extração de petróleo na foz do Rio Amazonas.
“Licenciamento federal nem passa pelo ministério. Ela [Marina] entende que essa é uma decisão técnica, que deve ser tomada pelo Ibama”, afirmou.
Segundo Agostinho, embora haja “uma tonelada de papéis” encaminhados pela Petrobras em sua mesa, eles não foram suficientes para comprovar a inexistência de riscos socioambientais caso o empreendimento fosse levado adiante.
Além da ausência da chamada Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS), que a empresa não entregou, ele cita também o plano de atendimento à fauna e o plano de comunicação aos povos indígenas como falhos e insuficientes. “Não havia um plano claro na possibilidade de um acidente. Ali é uma região sensível, com diversas espécies marinhas, era preciso ter claro qual seria o manejo.”
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, e o ministro do Meio Ambiente, Alexandre Silveira (PSD), vinham defendendo a autorização para os estudos de exploração de petróleo na região. Como o Painel mostrou, os dois chegaram a se reunir nesta semana, na presença do governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade).