![Proporção de crianças com celular dispara em menos de uma década Proporção de crianças com celular dispara em menos de uma década](https://diariodopara.com.br/wp-content/uploads/2023/04/crianca-no-celular.jpeg)
Em menos de uma década, disparou a quantidade de crianças de até 8 anos que possuem celular próprio e acesso à internet.
Os dados foram divulgados, na manhã desta terça-feira (11), pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação), por meio do estudo Estatísticas TIC para Crianças de 0 a 8 anos de idade.
O levantamento foi produzido a partir das bases de dados das pesquisas TIC Kids Online Brasil e TIC Domicílios, referentes ao período de 2015 a 2024, e aponta para o aumento da proporção de crianças usuárias de internet, acompanhada da antecipação da idade do primeiro acesso.
Em 2015, a pesquisa mostrou que 3% das crianças de 0 a 2 anos tinham um celular, o que acontecia com 6% entre 3 a 5 anos e com 18% entre 6 a 8 anos. Agora, a proporção subiu em todas as faixas etárias. Entre os mais novos, 5% têm um dispositivo, o mesmo com 20% dos pequenos de 3 a 5 anos (mais que o triplo) e com 36% das entre as crianças de 6 a 8 anos (o dobro).
A pesquisa aponta também para o uso cada vez mais precoce do uso de internet. Há nove anos, apenas 9% das crianças de 0 a 2 anos, 26% das de 3 a 5 anos e 41% das de 6 a 8 anos usavam a internet. No ano passado, os números subiram para 44%, 71% e 82%, respectivamente.
Ao mesmo tempo, o uso de computador apresentou uma queda nas faixas de 3 a 5 e de 6 a 8 anos de idade. Em 2015, 26% das crianças de 3 a 5 anos e 39% das crianças de 6 a 8 anos usavam computador. Em 2024, essas proporções caiu para 17% e 26%, respectivamente. Já entre as crianças de até 2 anos, o uso do computador apresentou estabilidade no período.
Para Winston Oyadomari, pesquisador do Cetic.br, os dados mostram uma mudança no padrão de uso da internet, cada vez mais associado a um dispositivo individual, como celular ou televisão com acesso à rede.
O uso da internet e posse de celular, mostra a pesquisa, apresentava uma estabilidade entre 2015 e 2019, antes da pandemia. Porém, após, entre 2021 e 2024, mudou para um patamar mais alto.
A pesquisadora da Cetib.br, Luísa Adib, explica que a mudança de comportamento em meio a Covid-19. “Muitas atividades passaram a acontecer no ambiente online. Isso fez com que fosse importante que as pessoas encontrassem formas de ter uma tela mais individual. A gente percebe o quanto isso mudou de patamar em relação a, principalmente, as faixas a partir dos 3 anos”, afirma.
Atualmente, a indicação de organizações da saúde é que crianças até dois anos tenham acesso restrito às telas. Para os pequenos entre 3 e 5, a recomendação é que o uso seja até uma hora por dia, e, para a faixa de 6 a 10 anos, o uso deve ser até duas horas diárias.
Adib explica que o contato das crianças está com a internet associado, na maioria das vezes, à mediação de um adulto. Por isso, o conceito de uso é um desafio ainda para que se possa compreender a interação das crianças com a tecnologia.
O levantamento, que aponta dados inéditos, não mostra o tipo de conteúdo que é acessado, se há mediação por outro morador do domicílio nem quantas horas as crianças passam em frente às telas.
“Esses são os primeiros passos para que possamos orientar políticas públicas, ações, para que as plataformas sejam adequadas e garantam segurança e proteção para os adolescentes”, diz Adib.