EDUCAÇÃO

Projeto de Jader amplia vagas de estágio para estudantes cotistas

Proposta que tramita no Senado prevê a reserva de oportunidades para negros, indígenas e quilombolas, além de oriundos de escolas públicas

Projeto de Jader amplia vagas de estágio para estudantes cotistas Projeto de Jader amplia vagas de estágio para estudantes cotistas Projeto de Jader amplia vagas de estágio para estudantes cotistas Projeto de Jader amplia vagas de estágio para estudantes cotistas
Para Jader, projeto harmoniza a Lei de Cotas que já é aplicada nas universidades com a possibilidade de estágio FOTO: divulgação
Para Jader, projeto harmoniza a Lei de Cotas que já é aplicada nas universidades com a possibilidade de estágio FOTO: divulgação

Tramita no Senado Federal um projeto de lei de autoria do senador Jader Barbalho (MDB-PA), que prevê a reserva de vagas em estágios para estudantes autodeclarados negros, indígenas ou quilombolas e para aqueles oriundos de escolas públicas ou em situação de acolhimento familiar ou institucional.

A proposta foi aprovada na semana passada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH), onde recebeu sugestões de outros parlamentares. O novo texto, que segue agora para análise terminativa na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), aumenta o percentual de vagas proporcional à participação desses grupos na população da unidade da Federação onde está instalada a empresa que oferta o estágio.

Para o senador Jader Barbalho, é necessário expandir com essa proposta, fazendo com que a disponibilização de cotas para estágios passe a ser regida por Lei em todo território nacional.

Jader Barbalho destaca ainda que a adoção de uma política nacional de cotas incentivou governos estaduais a implantar um sistema próprio em suas universidades. Outros órgãos federais, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) adotaram normas semelhantes para abrir espaço para a entrada de estagiários cotistas nas instituições do Judiciário.

“É gratificante perceber que, apesar de tantas mudanças comportamentais surgidas nos últimos anos em nossa sociedade, a partir do surgimento de grupos extremistas movidos pelas redes sociais, uma grande parcela do Brasil tem se conscientizado da fundamental importância da inclusão social, um dos pilares para o combate ao histórico de exclusão que vitimiza pessoas das mais diferentes formas”, lembrou o senador.

RESERVA

Atualmente, pela Lei do Estágio (Lei 11.788, de 2008), quando a empresa tem acima de 25 empregados, pode ter até 20% de estagiários. Do número total de estagiários, a legislação atual já reserva cotas de 10% para estudantes com deficiência. Na hipótese de não haver número suficiente de candidatos das cotas, as vagas remanescentes serão liberadas para os outros concorrentes. Esse trecho evita o receio de o empregador de sofrer sanções por não cumprir a cota.

Cotas para Estágio

“Trata-se de um avanço significativo, pois harmoniza o texto legal com o padrão de ação afirmativa já consagrado na Lei de Cotas aplicada às universidades e institutos federais, corrigindo desigualdades estruturais e promovendo a efetiva democratização de oportunidades no mercado de trabalho”, destaca o senador Jader.

O estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados de 2021, evidencia a persistência das desigualdades raciais no mercado de trabalho. A pesquisa revela que pretos e pardos continuam sendo os mais impactados pela desocupação, subutilização e informalidade em comparação aos brancos.

De acordo com o estudo, a taxa de desocupação entre brancos foi de 11,3%, enquanto entre pretos e pardos atingiu 16,5% e 16,2%, respectivamente, em 2021. Já a subutilização alcançou 22,5% entre os brancos, contrastando com 32% entre pretos e 33,4% entre pardos.

No que se refere à informalidade, 32,7% dos trabalhadores brancos estavam nessa condição, enquanto o índice foi de 43,4% para pretos e 47% para pardos. Além disso, o levantamento aponta que, em 2021, pessoas brancas com ensino superior completo ou mais receberam, em média, 50% a mais do que pretas e cerca de 40% a mais do que pardas.

Impacto das Cotas nas Universidades

O sistema de cotas criado nas universidades públicas é uma das maiores conquistas para a redução do abismo social que separa a sociedade brasileira. Foi a partir da iniciativa de algumas instituições de ensino, puxadas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, que o Congresso Nacional votou e aprovou a Lei 12.711, sancionada em 2012. A legislação prevê a reserva de 50% das vagas das universidades e institutos federais de Ensino Superior a estudantes de escolas públicas. Dentro dessa reserva, estipula regras para destinar vagas a alunos de baixa renda, pretos, pardos, indígenas e com deficiência.

“A proposta que avança no Senado contribui para a mudança desse paradigma por meio da ampliação do acesso de pessoas negras ou pardas a melhores condições de emprego, principalmente no que diz respeito ao primeiro emprego. Precisamos assegurar o cumprimento da Constituição Federal, que estabelece que todos são iguais perante a lei, que todos têm direitos e deveres, inclusive direito ao trabalho digno e à renda. É um tema que não permite retrocessos”, conclui o senador Jader Barbalho.