
O aumento das denúncias de intoxicação por metanol tem gerado preocupação em todo o país, mas o momento exige cautela e atenção, segundo o professor de Química da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Diego Fares. Em entrevista, ele destacou que ainda é cedo para estabelecer as causas das ocorrências e reforçou que a prioridade deve ser a apuração das autoridades competentes.
“É um momento de cautela e apuração. As autoridades estão investigando o ocorrido para ver se foi intencional ou acidental. Talvez ainda seja muito acelerado para falar sobre o porquê disso estar acontecendo. Foi um problema local, então não deve haver pânico por parte da população”, afirmou.
Falsificação e máfia das bebidas adulteradas
O especialista ressaltou que bebidas produzidas legalmente passam por fiscalização rigorosa e não oferecem risco de contaminação por metanol. O problema, segundo ele, está na adulteração e falsificação, práticas que têm se expandido nos últimos anos.
“Infelizmente hoje existe uma grande máfia de adulteração de bebidas. Muitas das que são consumidas são falsificadas. O que provavelmente aconteceu foi com bebidas falsificadas, e não com as legalmente produzidas”, explicou.
Orientações ao consumidor
Para evitar riscos, o professor recomenda redobrar os cuidados com a procedência das bebidas:
Dar preferência a produtos lacrados;
Comprar apenas em estabelecimentos confiáveis;
Exigir a nota fiscal como garantia de procedência;
Evitar o consumo de bebidas de origem desconhecida ou misturas preparadas sem clareza sobre os ingredientes.
Ele alerta, ainda, para situações cotidianas em que o risco pode passar despercebido. “Muitas vezes a pessoa pede uma caipirinha em um bar, mas não sabe a origem da cachaça usada. Esse é um ponto que merece atenção”, disse.
Reforço da fiscalização
Na avaliação de Fares, é urgente que as autoridades intensifiquem a fiscalização em estabelecimentos clandestinos. “Se a gente consegue apertar essas fiscalizações e reduzir a máfia das bebidas, com certeza veremos um número bem menor de situações de contaminação”, afirmou.
Álcool impróprio para consumo
Outro risco apontado pelo professor está no uso de álcool combustível ou de limpeza por pessoas em situação de vulnerabilidade social. Embora seja a mesma molécula de etanol presente nas bebidas, esse tipo de produto contém contaminantes perigosos.
“Um desses contaminantes pode ser o metanol. Portanto, em hipótese nenhuma deve-se consumir álcool que não seja próprio para bebida”, alertou.