O presidente da Avianca, Frederico Pedreira, anunciou na quarta-feira (11) que a companhia aérea colombiana pretende expandir seus pousos e decolagens em aeroportos brasileiros.
Segundo o executivo, a ideia é elevar a frequência dos voos que hoje partem de Manaus a Bogotá, uma rota que atrai passageiros das regiões Norte e Nordeste com destinos como Caribe e Estados Unidos -o trecho encurta o trajeto dos viajantes que não querem se deslocar até Guarulhos para fazer conexões.
Também estão previstas complementações de rotas com a brasileira Gol. As duas companhias fazem parte da mesma holding, a Abra, criada em 2022. A Avianca tem hoje 41 frequências semanais no Brasil, em quatro rotas, com 529 mil passageiros transportados de janeiro a novembro, alta de 10% ante o mesmo período do ano passado.
“[O Brasil] é super importante, é um mercado que cresceu muito nos últimos anos. Nós fomos de 2 para 4 voos em Guarulhos. Fomos de 1 para 2 em Galeão. Abrimos Manaus sem muitas expectativas, [mas os resultados superaram o esperado] e queremos aumentar as frequências”, disse o executivo.
A familiaridade de Pedreira com o mercado brasileiro se baseia em um repertório que ele construiu nos oito anos em que foi diretor, vice-presidente e CEO da Avianca Brasil, até 2019, quando a homônima brasileira entrou em recuperação judicial.
Avianca colombiana
A Avianca colombiana não tinha relação direta com a unidade brasileira, que teve falência decretada em 2020 e deixou de operar, tirando a marca dos voos domésticos no país. Apesar dos laços que as companhias possuíam por meio da participação societária dos mesmos donos, as operações eram separadas.
Em 2021, Pedreira assumiu a direção de operações da Avianca na matriz da Colômbia e, neste ano, se tornou presidente, participando do processo de retomada da companhia, depois que a Avianca Holdings também acabou pedindo recuperação judicial, em 2020, em meio aos impactos da pandemia sobre o setor aéreo.
Neste período, a empresa foi reformulada e se aproximou dos padrões das aéreas low cost, como as tradicionais companhias de baixo custo que operam na Europa e nos Estados Unidos, famosas pelas poltronas mais apertadas e pela cobrança da comida a bordo.
O modelo, que permite a oferta de tarifas mais baratas, não é bem aceito pelo consumidor brasileiro, que costuma ser menos tolerante aos padrões das aéreas low costs, porque a regulação nacional -que até recentemente impedia a cobrança separada pelo despacho de bagagens- é considerada mais protetiva.
Pedreira, porém, considera que o passageiro do Brasil está respondendo positivamente ao modelo, com alta demanda tanto na classe econômica, cujos assentos não reclinam, como na ala executiva da aeronave, que abriga poltronas mais confortáveis, de bilhetes mais caros.
O executivo defende que o Brasil ainda precisa criar condições para reduzir os custos do setor, o que poderia incentivar a queda do valor das passagens, favorecendo a demanda dos viajantes mais sensíveis a preços. Embora a Avianca não opere voos domésticos no país, ao ser questionado sobre o desempenho do Voa Brasil, programa lançado pelo governo Lula para estimular as empresas a oferecerem passagens por menos de R$ 200, Pedreira avalia que o movimento demonstra boa vontade, mas tem dificuldades de implementação.
“Em uma região como a América Latina, é essencial ter uma estrutura de custos eficiente, porque há muitos passageiros que decidem se vão voar ou não conforme o custo do tíquete. Há muitas maneiras de incentivar o low cost, ou seja, as tarifas mais baixas. Isso é feito através de investimentos em infraestrutura, impostos e taxas mais baixas. Nós acreditamos que o melhor modelo é criar as condições para que as aéreas possam se desenvolver, ter custos competitivos e com isso transportar mais passageiros”, disse.