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Porto Alegre é tomado por montanhas de lixo

O governo federal investiga mais de 300 mil pedidos de Auxílio Reconstrução depois das enchentes no Rio Grande do Sul por suspeitas de irregularidade,
Centro de Porto Alegre é tomado por montanhas de lixo e entulho após água baixar FOTO: EVANDRO LEAL / AgÊnCIA quadrar / Folhapress

Folhapress

 

A queda de nível do lago Guaíba no final de semana secou boa parte do Centro Histórico de Porto Alegre, e agora o cenário que se revela é de muito entulho nas ruas, além de um cheiro forte de lixo. Diversas esquinas e fachadas de prédios da capital gaúcha estão repletos de colchões, móveis, sofás e outros objetos destruído pela enchente.

Na rua Washington Luiz, a água ficou a 1,5 m do chão. Na manhã desta segunda-feira (20), moradores e funcionários de um bar começaram a despejar o entulho enlameado para fora. “Tem proprietário de apartamento que já disse que não pretende mais voltar”, diz Cláudio Korkiewicz, 64, residente do quarto andar de um prédio. Como estava no alto, seu apartamento não teve danos. “Quem mora no térreo perdeu tudo, é uma tragédia total e muita culpa do nosso governo”, afirma.

Em um restaurante da mesma rua, é possível ver pela janela que todo o ambiente está sujo de lama.

Pela primeira vez em duas semanas, comerciantes do centro puderam reabrir seus estabelecimentos para ter uma ideia do abalo e iniciar a limpeza dos locais.

Três comportas ficaram abertas no domingo (19) com o objetivo de escoar a água de volta ao Guaíba, o que ajudou a secar o centro da capital gaúcha. Ruas da Cidade Baixa, bairro boêmio da capital, também foram tomadas por lixo. Alguns caminhões da prefeitura já atuaram para recolher parte do que sobrou.

Na rodoviária, fechada há algumas semanas, a água já dá espaço para lama, que atinge o nível da calçada em algumas áreas.

Apesar da melhora, o nível do Guaíba oscila e subiu um pouco em Porto Alegre, alcançando 4,32 metros às 7h15 desta segunda-feira (20), segundo a ANA (Agência Nacional da Águas).

CORPO DA ADVOGADA

Após quase 20 dias de busca, o corpo da advogada Natália Cobalchini, 27, foi encontrado por bombeiros nesta segunda-feira (20). A informação foi confirmada nas redes sociais pela irmã da vítima, Marina Cobalchini.

Corpo de Natália estava soterrado após um deslizamento na área rural cidade de Bento Gonçalves. A cidade fica a 130 km de Porto Alegre. “Encontramos nossa menina! Deus, eu sempre acreditei que isso seria possível! Obrigada meu pai! Te amamos para sempre!”, escreveu Marina Cobalchini, em uma publicação em seu perfil no Instagram.

Os pais de Natália também morreram no deslizamento. Os corpos de Artemio Cobalchini, 72, e Ivonete Cobalchini, 62, foram encontrados no dia 3 de maio. Eles já foram enterrados. Bento Gonçalves já registrou mais de cem deslizamentos de terra desde o início da chuva no Rs.

Natália e os pais estão entre os 157 mortos em razão dos temporais e cheias que atingem o Rio Grande do Sul desde 29 de abril. O estado registra 806 pessoas feridas, 85 desaparecidas e 657,8 mil fora de casa.