Um homem foi detido na tarde de sexta-feira (19) após a Polícia Militar e o 3° Batalhão do Corpo de Bombeiros de Anápolis, em Goiás, checarem a denúncia de que ele mantinha um bloco de concreto com material radioativo em um depósito de reciclagem.
Havia a suspeita de que a caixa continha uma cápsula de césio-137, o que foi descartado pela equipe técnica no local. O bloco de concreto foi removido por técnicos da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e transportado para o depósito de lixo radioativo em Abadia de Goiás, na região metropolitana.
Uma espingarda calibre 22 foi apreendida e o detido, Jurandir de Oliveira, 58, foi liberado pela 1ª Delegacia de Polícia após pagar fiança de R$ 600.
Durante a operação, a região do depósito, no bairro Vila Isabel, ficou isolada por cerca de cinco horas.
Segundo o tenente Alex Glauco, responsável pela ocorrência, Oliveira e familiares disseram que o material fazia parte de de uma máquina de raio-X descartada por uma clínica odontológica que encerrou as atividades. No entanto, os especialistas não puderam confirmar a informação porque seria necessário desmontar o aparelho.
Homem é detido em Belém com R$ 90 mil em mercadoria roubada
“Se for aparelho de raio-X, tem um dispositivo que recebe uma carga elétrica e gera um feixe radioativo instantâneo e não letal”, explicou o tenente.
A Companhia Ambiental do Corpo de Bombeiros, especialista em produtos perigosos e radioativos, também foi acionada. Após análise com medidores de radiação de uma equipe especializada do Cnen, não foi constatado nenhum tipo de emissão de radioatividade.
Segundo Walter Mendes Ferreira, coordenador do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, o risco de contaminação foi descartado no depósito de lixo radioativo e em análise posterior em laboratório.
Ele diz que o Cnen possui um banco de dados nacional do material radioativo utilizado em cada localidade, e que nele não há nenhum registro do tipo de césio em unidade de pesquisa ou indústria de Anápolis.
“Como houve um acidente com césio em 1987 em Goiás, existe todo um trauma acerca desse material. A gente trouxe para o centro e verificou que não há nada ali. Esse material não vai ser enterrado nem nada, mas o procedimento foi feito para minimizar o impacto psicológico no público. Não há nenhum risco de radioatividade para a população local”, afirmou Ferreira.
O especialista se refere ao acidente em que catadores de lixo desmontaram um aparelho de radioterapia e venderam uma cápsula para um ferro-velho em Goiânia. A caixa liberou césio-137, substância radioativa.
Na ocasião, pouco mais de 112 mil pessoas foram monitoradas. Destas, 129 apresentaram contaminação, ficaram isoladas de acordo com a gravidade e foram encaminhadas para tratamento. Quatro morreram por síndrome de radiação aguda.