LUCAS LACERDA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Após a rejeição de uma nova proposta de reajuste, a categoria dos tripulantes aéreos voltou a promover paralisações em nove aeroportos na manhã desta sexta (23). A dois dias do Natal, os protestos causaram novamente a suspensão de decolagens entre 6h e 8h e afetaram ao menos 20 aeroportos.
Até as 17h desta sexta, segundo a Infraero, o aeroporto de Congonhas teve 78 atrasos e 14 cancelamentos, considerando pousos e decolagens. No Rio, o Santos Dumont, também administrado pela empresa pública, houve 50 voos atrasados e seis cancelados.
A Infraero diz que os passageiros afetados devem procurar as companhias aéreas para informações sobre os voos, porque os transtornos podem não ter relação com a greve.
Também no Rio, o Galeão não registrou transtornos, segundo a assessoria do aeroporto.
Em Guarulhos, de acordo com a concessionária GRU Airport, três voos operaram com atraso durante a manhã. À tarde, a situação se normalizou e não houve mais nenhum atraso ou cancelamento. Viracopos, em Campinas, teve um atraso.
O Aeroporto Internacional de Confins, na Grande Belo Horizonte, apresentava ao menos seis atrasos e cinco cancelamentos no painel, considerando chegadas e partidas.
Em Brasília, até as 12h, 35 dos 96 voos previstos partiram com atraso, segundo a assessoria. Em Porto Alegre, o Aeroporto Internacional Salgado Filho registrava no painel virtual ao menos oito voos atrasados e dois cancelados. Já em Fortaleza, foram nove atrasos e um cancelamento.
Em nota publicada em seu site nesta sexta (23), o Snea, sindicato que representa as empresas aeroviárias, voltou a dizer que as negociações foram iniciadas em outubro. “Cabe destacar que se trata da terceira proposta negada pelo sindicato [dos aeronautas]. A primeira foi apresentada pelo SNEA ainda no âmbito da negociação sindical”.
Procurado para comentar sobre novas rodadas de negociação, o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) respondeu, em nota, que a greve continua. As paralisações têm acontecido nos aeroportos de Congonhas (São Paulo), Guarulhos (SP), Galeão, Santos Dumont (ambos no Rio), Viracopos (Campinas), Porto Alegre, Fortaleza, Brasília e Confins (Grande Belo Horizonte). Os grevistas se apresentam para trabalhar, mas não fazem a decolagem.
Após reuniões das empresas e dos aeronautas com o TST (Tribunal Superior do Trabalho), as companhias aéreas ofereceram na tarde de quinta (22) aos trabalhadores reposição total da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 5,97%, mais 1% de aumento real.
Conforme a proposta, o reajuste incide sobre salários fixos e variáveis, pagamento de diárias em todo o território nacional, seguro, multas por descumprimento da convenção coletiva e vale-alimentação.
O reajuste não incide sobre diárias internacionais por serem pagas em dólar americano, euro ou libra. A reposição salarial de todos os salários fixos e variáveis seria feita com base no INPC.
A categoria pedia inicialmente um aumento salarial de 5%, além da reposição inflacionária. Além da proposta menor, de 1%, os tripulantes não conseguiram incluir na convenção coletiva uma definição para horário de folgas e regras que impeçam a alteração dos descansos pelas empresas.
Segundo o presidente do SNA, Henrique Hacklaender, foram 59,25% dos votos contrários à proposta, entre 5.084 participantes da assembleia virtual, que ocorreu durante o período das 16h30 até o fim da noite de quinta.