CAPITAIS DO BRASIL

Pesquisa mostra que 74% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio

Levantamento do Instituto Cidades Sustentáveis, realizado em parceria com o Ipec, mostra ainda as medidas que devem ser adotadas para enfrentar o problema e a percepção de homens e mulheres sobre temas como a divisão de tarefas domésticas

Ruas e espaços públicos são os lugares onde mais ocorre esse tipo de situação.
Ruas e espaços públicos são os lugares onde mais ocorre esse tipo de situação.

A pesquisa Viver na Cidade: Mulheres, realizada pelo Instituto Cidades Sustentáveis em parceria com o Ipec, mostra que 75% das mulheres que moram em dez das maiores capitais brasileiras já sofreram algum tipo de assédio. Porto Alegre é a cidade que apresentou o maior percentual (79%); Belo Horizonte e Fortaleza, o menor (ambas com 68%). Além dessas três cidades, a pesquisa foi realizada em Belém, Goiânia, Manaus, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

A rua e outros espaços públicos (como praças e parques) são os lugares onde mais ocorre esse tipo de situação. Do total de mulheres entrevistadas, 56% disseram que sofreram assédio nesses locais. O transporte público aparece na segunda posição (51%), seguido pelo ambiente de trabalho (38%) e bares e casas noturnas (33%).

A pesquisa investigou também quais são as medidas que devem ser adotadas para enfrentar o problema, na percepção da população. Aumentar as penas de quem comete violência contra a mulher recebeu o maior número de menções (54%). Em seguida, aparecem: ampliar os serviços de proteção a mulheres em situação de violência em todas as regiões da cidade (49%) e agilizar o andamento da investigação das denúncias (40%).

Assédio nas capitais

A tabela abaixo mostra o percentual de mulheres que dizem já ter sofrido assédio em cada capital:

Porto Alegre 79%
Recife 77%
Rio de Janeiro 77%
Goiânia 76%
São Paulo 74%
Salvador 73%
Manaus 72%
Belém 70%
Fortaleza 68%
Belo Horizonte 68%
Total das 10 capitais 74%

Divisão de tarefas domésticas

A pesquisa perguntou a homens e mulheres como é feita a divisão de tarefas em casa. Considerando o total da amostra (a resposta de todos os gêneros nas dez capitais), 40% disseram que os afazeres são divididos igualmente entre homens e mulheres; para 36%, são de responsabilidade de homens e mulheres, mas as mulheres fazem a maior parte; 5% disseram que são responsabilidade apenas das mulheres; outros 5% responderam que moram com pessoas do mesmo sexo; e 10% moram sozinhas.

Quando se observa o recorte por gênero, no entanto, a diferença dos percentuais é bastante acentuada. Por exemplo: 51% dos homens dizem que as tarefas domésticas são divididas igualmente, mas, entre as mulheres, esse valor cai para 29%.

Entre os homens, 28% responderam que os afazeres são de responsabilidade de homens e mulheres, mas as mulheres fazem a maior parte. Entre a mulheres, esse percentual sobe para 43%.

Sobre a pesquisa

A Pesquisa Mulheres 2025 é uma realização do Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com o Ipec, elaborada com o objetivo de verificar a percepção da população residente em dez capitais brasileiras sobre desigualdade de gênero.

Ao todo, foram realizadas 3.500 entrevistas de forma online, distribuídas entre as cidades de Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Goiânia, com controle de cotas pelas variáveis sexo, idade, classe social e ocupação.

O universo inclui pessoas de 16 anos ou mais, das classes ABCDE, que moram nas capitais de interesse há pelo menos 2 anos. O trabalho de campo foi realizado de 2 a 27 de dezembro de 2024. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro para o total da amostra é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Para os resultados desagregados por capital, a margem de erro pode variar de 4 a 6 pontos percentuais, de acordo com a cidade.