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Pastor mirim diz que pretende entrar para a política: 'É um desejo chegar a Brasília'

O adolescente de 15 anos Miguel Oliveira, conhecido como "missionário mirim", diz adorar política e ter como um "sonho de moleque" chegar a Brasília.

O adolescente de 15 anos Miguel Oliveira, conhecido como "missionário mirim", diz adorar política e ter como um "sonho de moleque" chegar a Brasília
O adolescente de 15 anos Miguel Oliveira, conhecido como "missionário mirim", diz adorar política e ter como um "sonho de moleque" chegar a Brasília. Foto: Divulgação

O adolescente de 15 anos Miguel Oliveira, conhecido como “missionário mirim”, diz adorar política e ter como um “sonho de moleque” chegar a Brasília. O jovem ganhou notoriedade por conta de vídeos virais nas redes sociais, com pregações polêmicas e postura semelhante à de pastores adultos. A atuação de Miguel gera divisão em um tema delicado entre as lideranças evangélicas: a fronteira que separa o charlatanismo, historicamente creditado ao preconceito religioso, de pregações de cura divina, um dos pilares na crença pentecostal.

O comportamento de Miguel nas redes sociais – e, consequentemente, sua crescente exposição – o fizeram, na semana passada, ser proibido pelo Conselho Tutelar de pregar e usar as redes sociais por tempo indeterminado. No entanto, ele continua aparecendo com destaque, como em uma entrevista concedida ao portal Assembleianos de Valor, publicada no último sábado, em que conta sobre suas discordâncias com os pensamentos políticos de esquerda.

“Na história política, a gente que estudou, entende que mais ganhou a direita do que a esquerda. Mas eu não negocio com a esquerda. Eu não negocio com quem quer mexer com as nossas crianças, eu não negocio com quem quer parar a obra de Deus”, afirma Miguel.

O missionário mirim afirmou, ainda, gostar de estudar sobre a história política nacional, além de ressaltar que, com “fé em Deus”, tem vontade de ser “deputado, senador ou até mesmo presidente”. Na entrevista, ele deixou claro estar alinhado aos lemas conservadores. Na ocasião, chegou a repetir um bordão usado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, ao ressaltar que, se virar político, defenderia “os direitos que todo cidadão deve defender, que é Deus, Pátria, Família e Liberdade”.

Na semana passada, representantes do Conselho Tutelar de Carapicuíba (SP) orientaram os pais de Miguel a retirá-lo por tempo indeterminado de cultos e a limitar sua exposição nas redes sociais, segundo o relato do pastor Márcio Dias, da Assembleia de Deus Avivamento Profético, onde o jovem passou a fazer pregações há pouco menos de um ano.

Embora o pastor tenha afirmado que Miguel “aceitou de bom grado” a orientação, o adolescente passou a exibir em seu perfil no Instagram, onde acumula 1,4 milhão de seguidores, uma foto em que aparece amordaçado.

Polêmica no Gideões da Última Hora

No fim de semana, Miguel disse ter sido agredido por seguranças do evento Gideões da Última Hora, um congresso anual organizado pela Assembleia de Deus de Camboriú (SC), e “tirado à força” do local.

Em discurso no congresso, Feliciano lembrou ter iniciado as pregações ainda menor de idade, como Miguel, e disse ter explicado ao jovem que ele foi barrado de subir ao palco do Gideões para não sofrer mais ataques nas redes sociais. Ao pedir que Miguel seja melhor orientado, Feliciano criticou a família do adolescente e o aconselhou a “não deixar nenhum pastor te usar para receber oferta”.

– Se as pessoas fossem nos cultos que eu pregava e tirassem um recorte, iam me ver falando coisas de menino – disse o deputado. – Miguel precisa de ajuda, precisa de pessoas que não vivam para transformá-lo em negócio.

Repercussão e Críticas

Líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, uma das centenas de ramos da denominação pentecostal, o pastor Silas Malafaia disse haver “gente adulta faturando grana” com a notoriedade do jovem pastor. Na avaliação de Malafaia, que classificou a atuação de Miguel como farsa, o adolescente “imita o pastor que usa o transcendental para atrair as pessoas”.

– Sou pentecostal e conheço o sobrenatural, mas isso é uma farsa. Lamentavelmente, o movimento pentecostal tem uma coisa que chamamos de “meninice”, que é acreditar em qualquer coisa que pareça vir de Deus. Ele está usando o transcendental para falar bobagem, dizendo que foi curado e não foi. Ele precisa ser ensinado, porque é o menor culpado nisso, e o povo evangélico precisa ter discernimento – afirmou Malafaia.

O GLOBO não conseguiu contato com os pais de Miguel. Procurado, o pastor Márcio Dias afirmou que “não responde financeiramente” por Miguel.