MARIANNA HOLANDA, CÉZAR FEITOZA E MATHEUS TEIXEIRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, pediu à Justiça Eleitoral do Paraná a cassação do mandato do senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR). O movimento ocorre pouco depois de o ex-juiz da Lava Jato ter apoiado publicamente o mandatário no segundo turno das eleições deste ano.
O PL tem esperança de conseguir retirar Moro do cargo, o que levaria à realização de uma nova eleição. A avaliação é que o deputado federal Paulo Martins (PL) seria favorito para vencer o novo pleito.
Na disputa deste ano, Moro fez 33,82% contra 29,12% de Martins. A ação foi apresentada pelo PL do Paraná, mas teve o aval do presidente nacional, Valdemar Costa Neto. O processo corre sob sigilo no TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná).
A legenda contesta supostas irregularidades nos gastos de campanha de Moro.
Moro e Bolsonaro se reuniram nesta quarta-feira (7) no Palácio da Alvorada, mas o teor da conversa não foi divulgado.
O ex-juiz, que deixou o Ministério da Justiça após brigar com Bolsonaro e acusá-lo de tentar violar a autonomia da Polícia Federal, voltou a se aproximar do chefe do Executivo nas eleições deste ano.
Após flertar com Bolsonaro no primeiro turno, declarou voto nele no segundo. Ao final, porém, elegeu-se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado por Moro no âmbito da Lava Jato –mais tarde, o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou a condenação.
A retomada da aproximação com Bolsonaro foi uma tentativa de contornar o isolamento político vivido por Moro desde que pediu demissão do governo Bolsonaro.
Procurado pela campanha bolsonarista, Moro declarou voto no presidente e foi ao debates ao lado do então candidato à reeleição em uma estratégia que visava provocar e desestabilizar Lula.
Aliados de Moro classificaram a ação como tentativa de criar um “terceiro turno” na eleição para o Senado no Paraná.