TECNOLOGIA

Paraense cria empresa com tecnologia para auxiliar imigração de brasileiros

Natural de Ananindeua, Mateus Nobre viveu uma jornada de superação por meio do estudo que o levou a amar negócios e tecnologia

Paraense cria empresa com tecnologia para auxiliar imigração de brasileiros Paraense cria empresa com tecnologia para auxiliar imigração de brasileiros Paraense cria empresa com tecnologia para auxiliar imigração de brasileiros Paraense cria empresa com tecnologia para auxiliar imigração de brasileiros
Natural de Ananindeua, Mateus Nobre viveu uma jornada de superação por meio do estudo que o levou a amar negócios e tecnologia. Foto: Divulgação
Natural de Ananindeua, Mateus Nobre viveu uma jornada de superação por meio do estudo que o levou a amar negócios e tecnologia. Foto: Divulgação

O paraense Mateus Nobre sonhou estudar no renomado ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) desde os 10 anos de idade. Natural de Ananindeua, ele uniu sua dedicação aos materiais de estudo espalhados pela internet para finalmente realizar seu sonho. 

Mas essa graduação foi apenas o começo de um sonho ainda maior: unir o mundo da tecnologia ao mundo dos negócios para transformar a vida de outros vários brasileiros.

Mateus é hoje cofundador e CTO (diretor de tecnologia) da Jumpstart: uma assessoria de imigração que une tecnologia a advogados especializados para que mais brasileiros possam realizar o sonho de imigrar aos Estados Unidos e Canadá.

Incorporando a tecnologia da inteligência artificial, a Jumpstart faz com que a jornada de imigração seja mais acessível, transparente e segura. Em poucos meses de operação, mais de 1.000 pessoas já usaram os serviços da startup, com US$ 5 milhões já transacionados entre o Brasil e o exterior.

Mateus Nobre nasceu em Ananindeua, na região metropolitana de Belém. O pai de Mateus trabalha desde os 10 anos de idade e encontrou sua profissão em empresas de mineração, enquanto sua mãe focou na criação de Mateus e de seu irmão mais velho.

Até os 10 anos de idade, mesma idade em que seu pai começou a trabalhar, Mateus dizia querer seguir os passos do pai e se tornar técnico em mecânica. Foi então que o próprio pai lhe apresentou a ideia de cursar engenharia no ITA – mas de um jeito inspirador.

“Meu pai disse que eu poderia ir para a NASA, e com isso trabalhar em espaçonaves. Desde então, comecei a dizer que queria fazer ITA. Quando falava isso pela escola, as pessoas achavam que eu estava falando do parque de diversões ITA Center Park”, ri Mateus.

A dedicação ao estudo levou um professor de geometria a indicá-lo ao concurso para fazer o ensino médio na EPCAR (Escola Preparatória de Cadetes do Ar), que dava acesso aos estudos combinados a moradia, alimentação e salário. 

“Pedi para meu pai me inscrever e imprimir provas antigas. O problema é que soube disso em junho, e a prova era em agosto”, conta Mateus. Ele assistiu diversas videoaulas de matemática e português para tentar alcançar o nível necessário, muito acima do que aprendia na escola.

Mateus acabou reprovando por conta do teste físico, fazendo apenas 3 das 21 flexões exigidas. Mas enquanto uma porta se fechou, uma janela se abriu: os estudos lhe renderam uma bolsa no Ideal Militar, o único colégio paraense que aprovava alunos no ITA na época. 

Mateus percebeu que o ITA não era um sonho impossível – mas só se ele continuasse se dedicando arduamente aos estudos. Foi uma rotina diária de 12 a 14 horas de estudo, com apoio de materiais na internet. 

Ele não passou nem no primeiro nem no segundo ano do ensino médio, mas os resultados lhe renderam uma bolsa integral no curso preparatório Poliedro. Mateus se mudou para São José dos Campos e, mais dois anos de estudos depois, passou em 7º lugar no ITA, 3º lugar no IME e 2º lugar na AFA (e em primeiro lugar na aviação).

Ainda em seu primeiro ano no ITA, Mateus se tornou membro da comissão de estágios e empregos. Foi lá onde descobriu seu interesse por negócios e dados. “Comecei a estudar Python [linguagem de programação] e a me inscrever em processos seletivos”, conta Mateus. 

Sua primeira experiência profissional foi em 2020, como estagiário em análise de dados na fintech Stone. Mateus depois se tornou engenheiro de dados na startup de educação Provi, onde aprofundou seus conhecimentos em mais uma linguagem de programação, o SQL. 

Seu pulo da análise para a ciência de dados veio ao se tornar cientista de dados na startup de jogos Wildlife, em 2021.

No final de 2022, o lançamento do ChatGPT transformou completamente o mundo da tecnologia. Mateus começou a desenvolver projetos baseados no chatbot dotado de inteligência artificial generativa. “Vi que a tecnologia ainda não estava madura, mas tinha um potencial enorme. Decidi que queria empreender, construir desde o começo um lugar muito bom que fizesse uso de IA”, conta Mateus. Ele foi um dos membros fundadores da startup Enter (antes conhecida como Talisman), que cria agentes dotados de inteligência artificial. 

Enquanto isso, um de seus colegas da época no ITA estava passando por suas experiências difíceis com imigração. Fabiano Rocha, também vencedor na Olimpíada de Matemática, teve passagens pelo MIT, pela agência para refugiados da ONU (Organização das Nações Unidas), e por multinacionais, empresas de impacto social e startups. Mesmo com tanto histórico, teve três processos complexos de imigração, tanto nos EUA quanto no Canadá.

As dificuldades o levaram a uma ideia de negócio para que outros brasileiros não passassem pelos mesmos problemas. Mateus e Fabiano se sentaram para conversar sobre o projeto: a Jumpstart, uma assessoria de imigração que combinava inteligência artificial a advogados especializados para resultados melhores e mais acessíveis.

“A Jumpstart queria resolver um grande problema, mas ia precisar de tecnologia para crescer e rentabilizar. Enquanto isso, eu queria ser mais desafiado. Queria crescer usando minha experiência em ciência de dados, mas interagindo ainda mais com negócios e tecnologia”, conta Mateus. “Eu admiro bastante o Fabiano desde a época do ITA. Vi de perto como ele fazia as coisas acontecerem. É uma pessoa que consegue convencer e vender bem, o que acho fundamental em um bom CEO.”

Sobre a Jumpstart

Sobre a Jumpstart

A Jumpstart tem Fabiano como CEO e Mateus como CTO. A startup nasceu para ser o porto seguro dos brasileiros e brasileiras em processo de imigração – desde o pedido do visto até o acesso a serviços financeiros no novo país. 

Para isso, criou uma solução completa de assessoria imigratória, que combina inteligência artificial com uma revisão jurídica especializada para aumentar as chances de aprovação, agilizar processos e reduzir custos. 

Essa AI se atualiza com dados do próprio departamento de imigração diariamente e com casos passados atendidos pela Jumpstart. Com isso, reflete as melhores possibilidades de imigração atuais, de acordo com cada perfil.

A Jumpstart pratica valores até 50% mais baixos que os vistos em escritórios tradicionais, operando ainda com um modelo de remuneração baseada em sucesso. Caso o visto não seja aprovado, a startup reembolsa 50% do valor, retendo apenas o suficiente para pagar honorários. A Jumpstart só vê lucro caso a imigração seja bem-sucedida.

A Jumpstart já captou R$ 2,8 milhões em uma rodada pré-seed, contando com investidores-anjo como Brian Requarth (Latitud) e Matthew Allan (ex-diretor de crédito do PayPal e Google).

Como CTO, Mateus está cursando seu mestrado no ITA, estudando modelos de linguagem de larga escala (LLMs). No ano que vem, ele pretende ingressar no doutorado para seguir essa mesma área de pesquisa.