A queda de um balão que matou oito pessoas em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, ainda deixa perguntas sem respostas. No entanto, a maioria dos pontos críticos já foi esclarecida pela investigação iniciada logo após o acidente, que teve repercussão internacional. Ao todo, 21 pessoas estavam no balão — 13 sobreviveram.
Praia Grande, cidade com menos de 10 mil habitantes, é conhecida pelos cânions e pelo turismo de aventura, especialmente os voos de balão. No sábado (21), o clima pacato deu lugar à comoção e ao choque entre os moradores, que acompanhavam a tragédia pelas redes sociais e gravações feitas por testemunhas.
O voo estava previsto para o nascer do sol, e o grupo sairia por volta das 6h. Por conta dos ventos, a decolagem foi adiada para 6h40 e transferida para um local próximo à Cachoeira Nova Fátima, a cerca de 10 km do centro da cidade. Por volta das 7h, o balão finalmente decolou.
Vídeos mostram o momento em que o balão conseguiu sair do chão, seguido por aplausos. Quatro minutos depois, tudo mudou: um incêndio tomou conta da aeronave, que acabou caindo.
Segundo relatos, o fogo começou quando um maçarico, supostamente acionado por acidente, entrou em contato com um tecido inflamável ainda no solo. O piloto informou à polícia que tentou apagar o fogo com um extintor, que falhou, e que chegou a jogar o maçarico para fora do cesto ainda no ar.
Ao perceber o agravamento da situação, o piloto tentou pousar de emergência. Já no solo, ordenou que os passageiros saltassem rapidamente. Treze conseguiram pular para um terreno com grama. Isso, porém, aliviou o peso da aeronave, que voltou a subir com o cesto em chamas e oito pessoas a bordo.
Quatro vítimas pularam durante o segundo voo e morreram na queda. As outras quatro morreram carbonizadas. Três delas foram encontradas abraçadas.
— Foi uma cena de horrores — relatou uma testemunha.
As vítimas:
Entre os mortos estão casais, turistas e profissionais da saúde:
- Leandro Luzzi (33): patinador e professor de Brusque.
- Juliane Jacinta Sawicki
- Leane Elizabeth Herrmann (70) e sua filha Leise Herrmann Parizotto, médica.
- Everaldo da Rocha (53) e Janaina Moreira Soares da Rocha (46), casal de Joinville.
- Andrei Gabriel de Melo (34): médico em Fraiburgo.
- Fábio Luiz Izycki
A polícia já ouviu o piloto e cinco sobreviventes. A empresa responsável pelo voo, “Sobrevoar”, tinha autorização para operar, segundo documentos iniciais. O inquérito agora apura se o balão estava em condições de voo e se havia segurança meteorológica adequada.
Dependendo das conclusões, o piloto e o proprietário da empresa podem ser indiciados por homicídio doloso (com intenção ou assumindo o risco) ou culposo (sem intenção).