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Nome de Wassef está em recibo de recompra do Rolex

Nome de Frederick Wassef aparece em recibo de recompra de Rolex

FOTO: Bruno Santos Folhapress
Nome de Frederick Wassef aparece em recibo de recompra de Rolex FOTO: Bruno Santos Folhapress

Eduardo Gonçalves e Reynaldo Turollo Jr. (Colaborou Luísa Marzullo)/Agência Globo

 

Um dia após dizer que “jamais soube da existência de joias ou quaisquer outros presentes recebidos” por Jair Bolsonaro, a revelação de novos dados da investigação da Polícia Federal (PF) sobre um suposto esquema de desvio de itens de luxo recebidos pelo então presidente colocam em xeque a versão do advogado Frederick Wassef. Suspeito de ter participado de uma “operação de resgate” de um relógio Rolex recebido pelo então titular do Palácio do Planalto durante viagem oficial à Arábia Saudita, Wassef teria entregado a peça ao ex-ajudante de ordens Mauro Cid em um encontro na Sociedade Hípica Paulista, na cidade de São Paulo, segundo a apuração da PF. O nome do advogado de Bolsonaro também aparece no recibo da recompra do Rolex nos Estados Unidos, segundo o blog de Valdo Cruz, no g1.

Segundo mensagens de WhatsApp obtidas pela PF, Wassef chegou em São Paulo com o Rolex no dia 29 de março deste ano, depois de ter buscado o item em uma loja na Pensilvânia, nos Estados Unidos, para a qual havia sido vendido. Nessa data, outro assessor do ex-presidente, o coronel Marcelo Costa Câmara, escreveu para Cid: “Material em São Paulo”, referindo-se ao relógio, de acordo com a investigação. Àquela altura, a existência das joias já havia sido noticiada pela imprensa, mas não se sabia que elas estavam nos EUA.

Os registros do telefone de Cid, segundo a polícia, mostram que o ex-ajudante de ordens estava em São Paulo com as filhas para participar de uma competição de hipismo, “realizando constantes deslocamentos para o local das competições e áreas de lazer como cinema e praças de alimentação”. Para a PF, “essa dinâmica possivelmente dificultou que Cid recebesse e armazenasse o relógio Rolex de forma segura” já no dia 29 de março, o que acabou ocorrendo somente no dia 2 de abril, quando ele viajaria de volta para Brasília com a família.

“No dia 02/04/2023, Mauro Cid avisa a Frederick Wassef: ‘Estou indo para a Hípica’ e em seguida passa as coordenadas geográficas da Sociedade Hípica Paulista”, descreveu a PF em relatório enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Há também o registro de uma ligação perdida do advogado no mesmo contexto. “Mauro Cid, possivelmente, só ficou com a posse do relógio no dia 2 de abril de 2023, após um encontro na Sociedade Hípica Paulista, com Frederick Wassef”, indica a investigação.

Em 4 de abril, após o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar a devolução do kit de joias dado pelos sauditas, a defesa de Bolsonaro entregou as peças ao poder público – (tanto o relógio como anel, abotoaduras e rosário islâmico). Segundo as apurações, os outros itens também haviam sido recuperados por Cid dias antes em uma outra loja, na Flórida. No início deste mês, o GLOBO revelou que Cid havia negociado por e-mail, em inglês, a venda do Rolex. Os e-mails, datados de junho de 2022, estão sob análise da CPI dos Ataques Golpistas.