SANGUE FRIO

'Nessa sala só tem eu, o Moreira e o demônio', disse atirador de Osasco 

A investigação do assassinato do secretário-adjunto de Segurança de Osasco revela possíveis motivações e detalhes chocantes do caso.

 O assassinato do secretário-adjunto de Segurança da cidade de Osasco (SP), Adilson Custódio Moreira, teria sido motivado por uma "recolocação de posição" na equipe de segurança.
 O assassinato do secretário-adjunto de Segurança da cidade de Osasco (SP), Adilson Custódio Moreira, teria sido motivado por uma "recolocação de posição" na equipe de segurança.

 O assassinato do secretário-adjunto de Segurança da cidade de Osasco (SP), Adilson Custódio Moreira, teria sido motivado por uma “recolocação de posição” na equipe de segurança. Segundo Boletim de Ocorrência e relato de testemunhas, o guarda civil Henrique Marival de Sousa, apontado como um dos integrantes da segurança pessoal do ex-prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos), e da ex-primeira-dama, Aline Lins, teria ficado insatisfeito ao saber que sairia de uma função administrativa e voltaria às ruas.

Reunido com o secretário-adjunto no gabinete da prefeitura na tarde de segunda, ele disparou diversas vezes contra Moreira. Após ter se trancado no local, ele se entregou ao Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Civil (Gate). Segundo relato, em determinado momento, questionado sobre a situação na sala, o guarda teria dito:

‘Aqui nessa sala só tem eu, o Moreira e o demônio.’

De acordo com o boletim, o secretário-adjunto agendou uma reunião às 15h desta segunda-feira para anunciar as mudanças na equipe de segurança. O encontro teria reunido dezesseis pessoas para definir “quem permaneceria e quem retornaria aos quadros da Guarda Civil”.

“Quando finalizada a reunião, Moreira anunciou que poderia receber em particular, separadamente, e naquela mesma sala, aqueles que quisessem ter com ele pessoalmente para tratar de algum assunto”, diz o B.O.

Marival decidiu ficar na sala com o secretário-adjunto para tratar da mudança de função, segundo relata William Gamaliel Da Silva, guarda civil que testemunhou sobre o caso.

“O depoente detalha que, durante a reunião, Henrique, como a maioria dos presentes, havia sido anunciado como um dos que sairiam da equipe de segurança de dignitários, e estava inconformado, tendo dito ao depoente ‘que não achava justo'”, segundo o boletim.

Segundo o comandante da Guarda Civil Municipal, Erivan Gomes, primeiro a tratar de Marival após os disparos, ao ser questionado sobre a situação do secretário, o guarda teria repetido diversas vezes “você já sabe, você já sabe. Esse cara é sujo”.

Em entrevista coletiva na manhã desta terça, Gomes reafirmou que o motivo teria sido realocação da equipe.

– Eu penso que houve descontentamento da parte dele por sair de uma função burocrática administrativa, em que estava em uma escala de segunda a sexta das 8h às 17h, e passar a executar uma escala de 18×36 (horas) – disse o comandante.

No local, foram apreendidos uma pistola Taurus, calibre .40, a arma do crime, acompanhada por dois carregadores, um coldre e diversos cartuchos; oito estojos e quatro fragmentos de projéteis. Merival participou de audiência de custódia no início desta tarde, na qual foi mantida sua prisão preventiva.

Texto de: Matheus de Souza (AG)