CRIME

Natuza Nery é ameaçada por policial civil em São Paulo

Confira os detalhes do incidente envolvendo a jornalista Natuza Nery e um policial civil em São Paulo. Entenda o ocorrido e suas repercussões.

Comentarista política da Globonews, da CBN e do podcast O Assunto, do g1, a jornalista Natuza Nery registrou boletim de ocorrência na noite de segunda-feira após ser abordada com ameaças por um policial civil em um supermercado de São Paulo. O homem, identificado como Arcênio Scribone Junior, é investigador e disse à jornalista que pessoas como ela “deveriam ser aniquiladas”.

O caso é investigado pela Corregedoria de Polícia. Scribone negou a pessoas que estavam no supermercado ter feito ameaças, apenas uma crítica ao trabalho da jornalista. A ocorrência foi noticiada pela colunista Mônica Bergamo, da “Folha de S.Paulo”, e confirmada pelo GLOBO.

Segundo o registro feito pela jornalista, o policial estava sozinho quando se aproximou e, após confirmar que se tratava de Natuza, gritou uma série de ofensas e a frase “pessoas como vocês deveriam ser aniquiladas”. Surpreendida, ela procurou o homem para identificá-lo e denunciá-lo e o encontrou no caixa do supermercado, ao lado da mulher. Ao ser interpelado, ele voltou a ofendê-la e foi repreendido pela esposa.

Antes da chegada da polícia, chamada por Natuza, Scribone alegou a outras pessoas que estavam no estabelecimento que teria apenas dito que não gostava do trabalho da jornalista. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que a Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar a acusação de ameaça.

“A corregedoria da Instituição, assim que cientificada dos fatos, se deslocou até a delegacia e assumiu as investigações, realizando diligências no estabelecimento em busca de imagens do ocorrido e eventuais testemunhas”, acrescentou a secretaria, em nota. “Uma investigação no âmbito administrativo também foi aberta contra o agente, podendo resultar no seu afastamento”.

Scribone optou por ficar em silêncio na delegacia onde o boletim de ocorrência foi feito, mas pediu para “deixar consignado informalmente que não praticou nenhuma infração penal”, segundo o registro.

O policial apagou seus perfis em redes sociais após o ocorrido, mas capturas de tela obtidas pelo GLOBO mostram que, após as eleições presidenciais de 2022, ele fez uma série de postagens no X com ataques à imprensa, ao Judiciário e às Forças Armadas, em que cobrava uma reação que revertesse o resultado das urnas. Scribone também elogiou as manifestações golpistas na porta de quartéis e questionou a confiabilidade das urnas eletrônicas.

Em uma publicação mais recente, na rede social Threads, em novembro, ao ser perguntado sobre onde estaria se “fizesse tudo que tem vontade”, o policial escreveu “preso ou morto” O GLOBO não conseguiu localizar a defesa do policial para comentar o caso.

Texto de: Bernardo Mello (AG)