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Mortes no terremoto já passam de 12 mil

Buscas por sobreviventes prosseguem na Turquia e na Síria
Buscas por sobreviventes prosseguem na Turquia e na Síria

folhapress

À medida que cresce o número de mortes após o terremoto de magnitude 7,8 na Turquia, atualizado para 9.057 ontem, aumenta também a insatisfação da população frente à reação do governo ao desastre —que totaliza mais de 12 mil óbitos quando somadas as 2.992 mortes registradas na Síria.

O sismo atingiu uma zona remota e pouco desenvolvida do país, o que agravou o desafio das equipes de emergência. Os impactos em rodovias e as condições climáticas desfavoráveis, de neve e chuva, também dificultaram a atuação dos socorristas, trazendo pessimismo à perspectiva de encontrar sobreviventes.

A situação de calamidade fez o presidente Recep Tayyip Erdogan decretar estado de emergência em dez províncias. Sobreviventes nas regiões mais atingidas reclamam, porém, de jamais terem visto sinais de equipes de resgate, além de passarem frio e fome. “Não vimos nenhuma distribuição de comida, ao contrário do que houve em desastres locais anteriores. Sobrevivemos ao terremoto, mas vamos morrer de fome ou de frio”, queixou-se Melek, 64, em Antakya, no sul do país.

Relatos de pessoas que se viram obrigadas a escavar os destroços em busca de familiares soterrados com as próprias mãos, sem equipamentos adequados ou mesmo roupas para o frio, também se multiplicaram nos primeiros dias após o desastre —o tremor se deu de madrugada, e muitos dos sobreviventes fugiram de suas casas sem nem sequer calçar sapatos.

Em Gaziantepe, no sudeste, os cães farejadores e escavadeiras só chegaram um dia e meio após o terremoto. “É tarde demais. Agora esperamos os nossos mortos”, resumiu à AFP uma mulher que tinha perdido a tia.

Na mesma cidade, Celal Deniz, 61, afirmou que moradores chegaram a ensaiar um protesto pela manhã da terça, mas a polícia interveio. Ele questionou o que foi feito do dinheiro recolhido com a chamada “taxa de terremoto”, imposto implementado no país após o tremor de 1999 que matou mais de 17 mil pessoas. Suas receitas, estimadas em US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 24 bilhões), supostamente foram revertidas na prevenção de catástrofes como a de agora e na promoção de serviços de resgate.

A situação narrada por parte da população foi ecoada por Ugur Poyraz, secretário-geral do partido de oposição Iyi (Partido do Bem). “A ajuda definitivamente não está sendo coordenada de modo profissional”, afirmou ele. “Cidadãos e equipes locais estão se unindo às operações de resgate por conta própria para salvar as pessoas nos escombros.”

As autoridades afirmam que mais de 12 mil socorristas atuam na busca e no resgate de vítimas, e que outras 9.000 tropas foram mobilizadas —o governo estima que 13,5 milhões de pessoas foram diretamente atingidas pelo sismo. Segundo o New York Times, 8.000 pessoas foram socorridas.

Em visita à província de Kahramanmaras, próxima do epicentro do terremoto, nesta quarta, Erdogan admitiu que houve problemas na resposta inicial ao tremor, em especial devido aos danos a rodovias e aeroportos. Mas afirmou que as operações haviam se normalizado e que a população deveria ignorar declarações de “provocadores” e se ater à comunicação oficial do governo.